6.23.2015

PESSOAR NAS INTERMITÊNCIAS DE SER





PESSOAR NAS INTERMITÊNCIAS DE SER


A minha aldeia é tão grande como todas as aldeias interiores
Porque todas as aldeias interiores são simplesmente aldeias
Incluindo as grandes e as cosmopolitas com um rio ao meio.
Todavia, quando preciso de trazer-me cá fora a arejar
A brincar com as veleidades da rua, murmurar doçuras às garinas
Sorrir aos cães que passam, deitar a língua de fora às margaridas
Atirar beatas com um piparote, correr atrás dos pombos mansos
Fazer poemas às cachopas alegres e bonitas de saias ciganas
Escutar a mexeriquice dos cafés, hipermercados e esplanadas
Esquecer o silêncio dos corredores dos edifícios seculares
Planger as cordas que acordam o destino e jungem a esperança
Sofrer as descidas abruptas do lusco-fusco a escurecer sombras
Esgrimir a voz no implorar dum beijo somente, tão-somente um,
Então, ponho-me à esquina, à tua espera fixando toda a gente
Indiferente ao lugar, numa esquina qualquer, incógnita e anónima
E anónimo, aconchegado pela hora de chegares a sorrir e ímpar,
Embalado pelo misterioso enigma dos teus olhos a dizer indizíveis
Que são capazes de sobrevoar as maiores distâncias e vazios
Atravessar multidões, ficar muito depois do comboio partir, a ver,
Regressarem por detrás do autocarro, prever a velocidade, a nudez
O pulsar do minuto, do segundo, o ritmo (acelerado) da respiração,
Serem outros para ser aquilo que são em si mesmos e são em mim
E lerem na profundidade da minha mente o que não sei lá estar
Até ao destemido recôndito das intrigas inconfessáveis e urgentes
Tão íntimas quanto é subornável meu querer perante tua vontade...
A que não sei resistir

A que não posso resistir

A que não quero resistir.


E me faz conjugar o verbo nunca como sempre, sempre no futuro
Incondicionalmente no incondicional sem ses nem mas ou porquês.

(E a propósito... Quem da vida disse  não haver certeza alguma?
Olha: mente. Diz-lhe descaradamente que está errada/o, e emente
– Como sempre, e sabe, que é quem mais do que nunca mentiu!...)

Joaquim Castanho      


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La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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