8.25.2006

LAVA DE AR

Acabaste de espirrar... Eu ouvi. Deveras!
Puseste a concha da mão na boca,
A cabeça deferentemente inclinada
Aquele semblante compungido e discreto
Que ambos tão bem conhecemos
E te resguarda do luar na barragem
Típico de quem se entrega desenfreada
Aos ínfimos predicados do corpo em ebulição,
A meticulosa singeleza de observar uma unha partida.
E comprimiste as pálpebras em concentração.

Sempre temeste que te detectasse moléstia...
Melindras-te se te digo que és perfeita
Que te adoro assim como acordas
E não como te deitas ou circulas no dia,
Pois é indiscutível que continuas a assustar-te
Com a ideia que possa ver-te frágil, carente,
Humana, enfim como qualquer menina.

Orgulhas-te da tua maioridade, é o que é!
E consideras o dia em que fizeste 18 anos
Aquele que foi realmente o dia do teu nascimento.

Olha: não há mal nenhum em sentirmo-nos mal
Pequenos, indefesos, dependentes do sorriso.
Nem temos a tácita obrigação de enfrentar
Seja o que for!, de forma heróica e sensata
Como se fosse lógica e nós sempre obrigados
A nunca perder as oportunidades e aproveitá-las
Desde as mais insignificantes às especiais
Para provarmos a nossa magnânima sanidade mental
Toda feita de íntegra disponibilidade e adjectivos definidos
Artigos de garantida qualidade e produção em região demarcada.

Portanto, sê tu, apenas isso, e como quem és...
Como quando caminhas em mim e já te não sinto os pés:


«Atchim!!!!....» – curioso não foi? Pois
Pode não ter sido pujante, mas ouvimos os dois!




ALMA

Este é o caminho propício
Único de nos encontrarmos aqui,
A haste de ervinha onde floresce o querer.

Se ainda não me viste
É porque algo insiste
E entre nós resiste:

O silêncio do grito calado
Vendo vendado
Na ousadia de ver.


MODO ÍNTIMO DE VERBO

Em verdade, só quero escrever para ti;
Contar-te que vejo se te vejo no mundo,
Sentir que sorris daquilo que senti
Ao ver-te habitar meu sentir profundo.

Por isso, assusta-me a distância entre nós…
Dói-me a dor dela e do medo de não ver-te.
Que à solidão também pode nascer uma voz
Precisamente se diz o segredo de dizer-te.

Porque se há loucura no amor
É por ela inventar sonho e desejo,
Matar o medo, queimar a dor
E florescer da palavra como beijo!

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português