3.28.2019

VISÃO BREVE VISÃO






VISÃO, BREVE VISÃO


Desceu mansa no seu andar de pomba
O olhar despido de esperança
Saltitando sobre cada lomba
Balançando os braços, os cabelos
Pelas costas – apetece descê-los
Com os lábios, em meiga dança...

Escorrer na sua sombra ao diluir-se
Como polpa desses pomos silvestres
Que são mais poderosos do que Atenas,
E ainda mais poderosos do que Circe!,
Por quem a luz do sol, e as açucenas
Pintam os prados com Vestais e Mestres.

Dão vida ao joio, e alma ao trigo;
Empurram brotos pra fora da haste,
Tal querem fazer meus olhos contigo
Se te vejo e passas... como passaste!

Joaquim Maria Castanho

3.27.2019

O TROPEIRO ALENTEJANO






TROPEIRO ALENTEJANO

Dobra-se sobre o dorso
O cavalo não esquece,
Que ido o mês de março
Ainda mais aquece...

Ambos rezam por água,
Montada e cavaleiro;
Sob a cela do ano inteiro
Cavalgando mesma mágoa.

Joaquim Maria Castanho

3.13.2019

O MISTER DO VENTO






O MISTER DO VENTO

Sopra o vento enquanto passas
E diz-me coisas tão invulgares,
Que até folhas ganham novas asas
Pra limparem o chão pra tu passares.

Outro tanto eu faria, se pudesse
Mas o vento pode tão mais que eu,
Que me aventaria ao chão se fizesse
Aquilo que acha ser mister só seu.

Joaquim Maria Castanho

GIZ CELESTIAL


   



GIZ CELESTE

Sempre plo azul inovado
O exemplo vem de cima,
Penteia-se com Xis imaculado
Escorrendo solfejos se sublima...

Tem o mesmo tom em qualquer lado.
Carrega a esperança da gente...
Porém, se espera fá-lo calado
Ainda que gize o céu, indiferente.

Joaquim Maria Castanho

3.07.2019

A PAIXÃO DOS VERSOS






A PAIXÃO DOS VERSOS

Pela incomparável luz
Dias de chuva são assim
Na pureza que os produz
Quais gotas de sonho em mim
Que sou atreito ao sentir
Este fremir dentro do peito
Que mal te vê, quer logo sair...

São cristais gota a gota
Que os ramos predem apenas;
Mas eis que o vento os solta
Para escreverem no chão
A paixão, dos versos, pelos poemas.

Joaquim Maria Castanho

A FOLHA IRREVERENTE






A FOLHA IRREVERENTE
Hoje, choveu um pouquinho
Mas já se levantou vento
A secar a água fria...
E, nas poças do caminho
Quando à beira delas
Em pedras toscas me sento,
As folhas parecem velas
A singrar no tédio do dia.

Então, soprou de repente
Uma rajada mais forte,
Que levou quantas havia
A perder tino e norte...

Porém uma, indiferente
Fincou-se na lama da sorte
E disse-lhes que ia!

Joaquim Maria Castanho

3.05.2019

O VOO DA VOZ






O VOO DA VOZ

Por sob esta luz me perdoo
Se sou quem grita à imensidão,
Pois por ela, e só por ela soou
A voz que escapou à solidão.

Nessa dança deveras milenar
Aonde a ilusão tropeçou,
A voz escolhe luz pra dançar...
Então se enleiam par a par
Até que a luz parece pairar
E a voz se atirou prò ar... – e voou! 
 
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português