6.22.2018

NÃO SEI ONDE




NÃO SEI ONDE...

Procuro o teu sorriso, o teu olhar
Lá, não sei onde... 
Como se fosse o sol a esgarrar
O folhedo, de fronde em fronde. 
E assim, nesse preparo 
Nem reparo quem repara em mim; 
Que o sol à sombra esconde
Tal como o teu sorriso, o teu olhar
Que insiste em perdurar
A brilhar por entre qualquer fronde
Vindo... Vindo... Vindo... 
Lá, não sei de onde! 

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

6.20.2018

OS QUE SE DIVERTEM - A COMÉDIA DA VIDA





Já está à venda o livro da autora portalegrense LUZIA, pseudónimo de Luísa Susana Grande de Freitas Lomelino, OS QUE SE DIVERTEM - A COMÉDIA DA VIDA, que teve a sua primeira edição em 1920, a segunda sem data explícita e a terceira em 1929. Eis como ora se apresenta ao público...  

LUAR JOANINO




LUAR JOANINO 

De imaterial mas humano
E das profundezas das almas,
Só o divino mas profano
Sentido com que me acalmas
Dia a dia, mês a mês, ano a ano...

Que a vida pulsa sempre, é constante
Crescer lunar, círculo imenso, ímpar 
Feito já da imagem desse amante
Que se vê no tempo, quando quer casar.    

Joaquim Maria Castanho 

6.18.2018

A DOR TAMBÉM SOFRE




169. 
QUE A DOR TAMBÉM SOFRE   


Há um sofrimento infinito
Plo deslizar manso na água
Com que o sonho cala o grito
Com que o grito cala a mágoa. 


E nesse círculo tão fechado
Quase onda que pedrada deu, 
Fica o que é belo maculado 
Por quem ao ódio dum odiado 
Com outro ódio maior respondeu. 


Qu’esquece o que ninguém esquece
Nem sequer quando bem aflito: 
Que o amor por quem não merece
Só causa dor, só causa atrito… 

– E sofre a dor mais do que eu 
Que de todos sou quem mais sofreu!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Anabela Pereira

6.14.2018

QUANDO O SENTIR É PURO




QUANDO O SENTIR É PURO

Líquido instante esse
Em que penso... 


                                 de repente
O sonho aflora, desce
No trânsito fluente, 
E seguro, mas constante
Grafa granito no muro,
Numa linha diamante
Do cristal da tarde, ente
Dourado e transparente:
Amor queima mas não arde.

Joaquim Maria Castanho
Com Foto de Anabela Pereira

6.11.2018

PRINCÍPIO E FIM




167.
 PRINCÍPIO E FIM 



Sutil aflorar não é falta de paixão… 
Nem que nela há menor intensidade; 
O amor impõe cuidados ao coração 
– Subscreve sutileza à sensibilidade. 


Fulgor exige doçura, moderação… 
Sequer indica definição d’idade, 
Mas antes explica por que à intenção 
Andam coladas a razão e verdade. 


Já em mim, se exalto nobres valores
Basta-me ver-te pra desde logo sentir
Quanto amor por todas outras flores
Já senti aos pouquinhos, sem explodir,
Sem m’estrondar corpo e alma num vulcão
Que acorda… – liberta lavas de paixão. 

Joaquim Maria Castanho
Com excerto de foto de Anabela Pereira

6.07.2018

OMBRO COM OMBRO




OMBRO A OMBRO

Quando a sombra desliza perturbante
Ombro a ombro vem sem ferir, magoar
Entre as frestas da penumbra secular,
É a fantasia de um sonho distante
Esboçando promessa de lesto chegar.
É a magia do desejo traçando secante
Ao interno novelo que enleia as preces,
Transformando o longe num instante
Em que te fazes autêntica... E apareces.
É o fulgor dum flashback desejado
A enobrecer a realidade, pondo amor
Inesperado no acaso tornando torpor...
Mas também é o semáforo apagado
Frente à zebra que queres transpor
E que à ousadia sempre aplica temor, 
Empresta a cada jeito ensimesmado.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

6.05.2018

BANCO DE SOBRA




BANCO DE SOBRA

E como tudo se disse já, 
Ou tudo já se fez também...  

... Mas a felicidade está
Em nos sentarmos tão-tão perto,
Que fique metade deserto
Mesmo que não venha mais ninguém!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

MEU PÃO PLURAL




166. 
MEU PÃO PLURAL 



Mergulho em recordações… 
Abro a voz pra respirar-te.
Redesenho-te por secções
Onde as partes são ambiente
Unidas até serem arte, 
Sentidas até serem gente. 



Não há mar que te desconheça
Não há céu que te não cante, 
Nem sentir que te desmereça
Nem amor sem ser de amante. 



Esse ora assim destilado
Serenidade (e exatidão),
Quase afeto amassado 
Com o cuidado de tua mão 
Que assina por bem, no final
O teu olhar, meigo e plural.

Joaquim Maria Castanho
in REDESENHAR A VOZ  (Pág. CCXIV) 
Com foto de Elie Andrade

6.01.2018

TEU ADEUS




165.
TEU  ADEUS


Tu, só tu
Tormentas paras, derrocadas escoras. 
E posso dizer que teus olhos são meus?
Posso aferir quem sou de quem em mim vês? 
Ontem passaste apenas uma vez… 
Mas duraste vinte e quatro horas. 

Dormi toda a noite com teu Adeus! 

Tu, só tu
Suport’as toneladas de esperança
Que há no sonho e só o sonho alcança. 
E posso dizer que teus olhos são meus? 
Ontem sorriste, e fui criança… 


Dormi toda a noite com teu Adeus! 

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português