12.30.2003

PASSEIO EXISTENCIAL



( Av. da Liberdade )



No fundo do amor está o amor.

À volta, no cimo, estão diversas coisas

Que às vezes nos entretêm: os nomes,

Principalmente, os nomes!

Somos todos iniciados na técnica de compreender

Que Outono é quando as folhas caem!





Podíamos passar por entre elas...

Ser-lhes a invocação imediata...

Enfim! Sermos díspares parcelas

Desse jogo infinito, a concordata...

...Um tratado! Caminhamos..., elas caem,

O sol vem recortante, capilar,

E os olhos descem e cerram, descem

Para dentro em busca do seu começar!



As pombas rodam, rodam as árvores,

Codificam-se os gestos e as cores

E faz imenso vento ruissussurrante

Mexendo as vestes, os cabelos

Os endereços, os remetentes, os selos

A imagética do corpo tonificante

E o chiar dos pneus, o tilintar eléctrico

A voz anunciante, o nome métrico.

Se nos liquidamos as pombas saem

Do quadro – é melhor deixá-las ficar

Como se fossem paz à volta do amor

Coisas, nomes principalmente, a rodar

A voar!...





Estamos num jardim: um qualquer!

Faz menção de sermos homem e mulher

( É que podíamos!... Deveras! ) Ou avenida!

Porque não sonhos?... O sonho também!

Um saco deles! Bagagem de mistério...

Um livro... Um quarto de aluguer...

Pessoas amorfas que vão e que vêm

E que arrastam consigo toda a vida,

E um odor a incesto e adultério...





E os olhos cerram, descem, descem...



E os olhos cerram, descem, descem...





Deixámos os lábios que sabem a amizade:

Deixámos as roupas que usam o desejo:

Deixámos o sangue que cozinha prazer:

Deixámos as mãos que esculpem carinho:

Deixámos a palavra que recita a verdade:

Deixámos a despedida que encontra o beijo:

Deixámos o sol que encanta o crescer:

Deixámos o vento que murmura caminho:

Mas os olhos cerram, descem, descem...



Mas os olhos cerram, descem, descem...



Mas os olhos cerram, descem, descem...





Há, então, um pestanejar: o sonho agita-se.

E os olhos cerrados, descidos, perguntam:

« Para onde vais? » - somos feitos assim!

E cada um pensa e contrai-se.

Fecha-se. Circula. E as respostas ecoam:

« À procura de mim » « À procura de mim »

« À procura de mim » « À procura de mim »

« À procura de mim » « À procura de mim »

12.18.2003

A próxima sessão da Comunidade será na segunda terça-feira de Janeiro e versará sobre "Filosofia", tanto na correspondente de escritores-filósofos como na de filófosos que também fizeram ficção ou poesia. Dar-se-ão mais notícias

12.10.2003

OFERENDA



Ler é compreender; e compreender é criar.

Albert Camus





Talvez que escrever um livro seja pouco!...

Quem sabe?! Mas lê-lo é muito mais

Se a cada momento de soletrar rouco

O leitor, o escritor e o homem se tornarem iguais.





Em si próprios, perto da aventura,

Rés da esperança, filhos de si mesmos;

Sem pais –

Numa orfandade que não perdura

Mais

Que o ínfimo momento em que nos esquecemos

Que somos fulanos tai$!...





Ou belos, ou feios, ou reais.

Ou assim, ou assado e frito,

Mas que a cada sentimento nos damos fiéis

Sem saber como nem porquê,

Como se fosse cada um que lê

Aquele que o tivera escrito!



(Nota: Este poema e muitos mais podem ser lidos e/ou copiados/impressos, na página www.gatomontez.no.sapo.pt que é igualmente um "sítio" dos nossos Leitores. Quem sabe se aí se encontrarão novas versões de histórias muito antigas!... Quem sabe?!)

Malta!
Durante a tarde de hoje, dia 10, passará continuamente no átrio da Biblioteca Municipal a versão DVD do THE PARIS CONCERT FOR AMNESTY INTERNATIONAL, como entrada ou aperitivo para a sessão da Comunidade de Leitores. Quem quiser aparecer, não se evite, e traga quantos entender por bem!... A Liberdade agradece!
Olá, amigo Castanho:

Como não posso estar presente no dia 10 na comunidade de leitores, junto envio uma cópia das páginas 22 e 23 de "Viver para Contá-la"de G. G. Márquez, numa tradução de Maria do C. Abreu e edição do Círculo de Leitores em 2003.
O autor narra neste primeiro capítulo desta obra auto-biográfica a sua viagem a Aracataca, sua terra natal, com a sua mãe que quer vender a casa de família. É, também, uma viagem a memoria, da infancia nessa casa, e, em geral, da historia da própria família, que apresenta diversas semelhanças com o romance "Cem Anos de Solidão".
Assim é o caso do massacre dos trabalhadores da companhia bananeira na praça central, que terá causado três mil mortos.
Fica, também, esta consideração para o dia da cidadania, de uma altura em que os direitos dos cidadaos, aparentemente, não existiam, nem mesmo o direito à vida e à dignidade do trabalho.
Abracos,

Joao Paulo

12.02.2003

Da lista de obras e autores para escolha de leitura em celebração do Dia Mundial da Cidadania, há algumas incorrecções "ortográficas" que não foram assinaladas e se devem sobretudo à escassez de tempo disponível para utilizar a net, no depositar de texto. Uma delas refere-se à autoria do título "Tecido de Outono", que não é de Batista Bastos mas de Alçada Batista. O seu a seu dono!
Outra é acerca da obra de Virginia Woolf, que se intitula "Um Quarto Que Meu" e não "Seu", como ali figurava.
Mas está também um sério hiato em relação aos títulos sugeridos, pois, na lista, não figura um dos maiores e melhores romances sobre a temática, e que é o de Richard Wright, intitulado "UM NEGRO QUE QUIS VIVER".
É, ou fica a ser a partir de agora, a obra que apresentarei como "Meu Livro / Meu Irmão", sub-tema definido para a sessão da CLP, a 10 de Dezembro próximo.
O objectivo da sessão é pôr na mesa o nosso livro sobre a temática e convencer os demais a lê-lo também. A cidadania não é apenas um tema, mas também uma forma de pensar literatura de intervenção social. Que cada um faça a sua opção e a participe é a ideia principal

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português