7.26.2005

EIS ANKH EIS

Gosto das palavras indizíveis por dizer
As que insubmissas e infiéis espartilham o homem
O atiram ao fundo de si mesmo sem qualquer significado
E lhe vociferam ou estilhaçam a alma solta em cada sílaba
Em cada estremeção da carne viva perante a impiedosa brisa
Essa igual que acaricia as frondes das acácias
Nos outeiros dispostos sob o acaso do olhar
Ali, interrompendo a linha do horizonte marchetado
Na paisagem dos dias sob a paleta das vozes íntimas.

São para ti na erosão corrosiva dos sentidos
Horas únicas ao resfolegar da planície seca e aberta
Ao grito do fogo posto de não estares presente, nó de Isis
Entre os seios no lúdico sustenido do coração ansioso
Longe mas desesperado de tão próximo, próximo aproximo
Os lábios e nele reponho meu beijo de sofreguidão perpétua.

Morrer para a eternidade é apenas um gesto, palavra
Dita sem eco a resvalar na curva apertada do tempo
Mas sucumbir ao ritmo do teu pulsar no convulso arquear
Do dorso e desferir a seta do desejo num disparo sem volta,
Eis igualmente como nos entregamos um ao outro e sós
Infinitamente sós renascemos do exíguo fio de prumo
Pendulando na fala inesgotável de dizer sempre o derradeiro
Lugar da história comum ao espaço-quando dos corpos jungidos
Que se aspiram e fundem num apenas um grito de liberdade
Disferida por mil sóis que nos rebentam no simultâneo da nuca.

Eis por que eis o porquê do laço que nos une sobre a cruz
Alicerçada no elo esfíngico de aglutinar o verbo inicial primaz
O que encerra todos os indizíveis ainda por dizer ou que ditos
Vogam na celestial aspereza da lonjura inominável – eis
O porquê de que por eis se manifesta presente dum futuro
Sem contorno definido está o nome, aquele que pronunciado
Invoca a eternidade perene e duradoura do sentimento
Que não desfalece e solto volta ao princípio dos princípios
Primordial como se a luz nascesse de si própria em si outra
Luz renovada essa de denunciar a paixão cometida do silêncio
Abrigo da voz ao ciciar do desejo incontornável do corpo
Aberto e pleno de entrega final sem parangonas desmedidas.

Porque épico é o abraço na distância de morder o tempo,
Abocanhar o laço de que a cruz é nó e sinal e sustento
Do sustenido inconstante de dizer-me Aqui, eis-me pronto
A receber-te plural na infinita agitação da espiral dissolvente
A que joga os pedaços de mim e de ti aspergindo o cosmos.



EIS! (in the sky with diamonds)

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português