11.08.2017

HOMENAGEM TARDIA E DEMORADA




HOMENAGEM TARDIA E DEMORADA

Das batalhas que travaste, mãe
Até na derradeira estiveste só; 
Foste a guerreira crente mas também
A mulher por quem apenas Deus sentiu dó.
Deste sempre o teu melhor, em tudo
E se não fizeste mais, foi porque não pudeste
Com teu desejo de conserto vão e mudo,
Que a vida é muito dura, e assaz agreste
Perdida no preconceito ignaro e imundo, 
Pra quem luta na solidão que lhe deu o mundo.

Não foste douta nem sábia de academia
E o saber que tinhas, forjaste-o no coração
Sofrido, aviltado, enfraquecido pela fria
Atitude dos que amaste até mais não.
Essa será a tua glória de Maria
Antónia, Nicau além de ainda Marchão, 
E que Senhora foste no dia-a-dia, 
A quem, se alguém julgou, foi por confusão
D’esquecer aquilo em que a humildade é lição. 
Não te esquecerei nesta vida, pois certo é
Que nessa outra em que agora estás
Tu também jamais esquecerás quem até 
Bem pouco te ajudou nas horas boas, como más. 

Talvez eu, talvez aqueles ou aquelas
Que te viram de raspão nas janelas 
De que abristes somente pequena fresta… 
E que desconhecendo o teu sofrimento
Pensaram ser apenas mero divertimento
O esgar e dor com que franzias a testa.
Talvez esta homenagem tardia, demorada
A quem muito sofreu muda, e chorou calada. 

Joaquim Maria Castanho

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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