2.12.2017

O SEGREDO DAS CORRENTES PROFUNDAS





O SEGREDO DAS CORRENTES PROFUNDAS

Sob águas cristalinas me dissolvo
No diluído tempo, sublime instante
Sentindo o sentido com que absolvo
O sonho de perder o sentir diletante. 
E ficar imerso nesse pulsar novo
Da profundidade pura e constante, 
Com que eu mesmo em mim me absorvo
Perante ti, tal se de mim fosse ante…
Então, toda máscara cai; e esse ator
Cujas personagens pueris já vesti
Naufragam, afundam-se tão-só ante ti
Para, transparentes e sem nenhum favor
Serem afãs vassalas do único amor –
Que unicamente elas sabem que senti!  
  
Joaquim Maria Castanho

GUARDO ESSE SEGUNDO, GUARDO ESSE PÃO





GUARDO ESSE SEGUNDO, ESSE PÃO

Ponho a alma inteira nesse instante
Ínfimo no contato, mas de superior
Significado, onde me sonho infante
Dum reino teu, também por ti tutelado;
Nado de tuas mãos, onde predomina
Tudo e o que mais ninguém imagina: 
Verbos com o significado duma flor – 
Pétala que a nosso pão ensina… o amor! 

Ponho a alma inteira nesse momento
Tão pequeno, semente numa transação,
Pulsar que é onda, enorme movimento
De todo o sentido na mesma direção,
Onde até o próprio zunir do ar e vento
São ditados e cuidados por teu condão.  

Joaquim Maria Castanho

SEM TEUS OLHOS NÃO HÁ POESIA




SEM TEUS OLHOS NÃO HÁ POESIA

Sem teus olhos não há borboletas.
Sem os teus gestos não tenho asas. 
Sem teu jeito fenecem os planetas
E nenhum sol aquece nossas casas.
Sem tua luz me apago, e os cometas
Caem ao largo, com caudas esparsas
Quase carvão, como se fossem setas
Feitas da sombra das finitas brasas.

Sem teu nome sou órfão segregado.
As palavras morrem-me na garganta.
Ando com grilhetas de condenado
E arrasto um verbo que já não canta… 
Porque sem teus olhos não há poesia
E apenas o breu se alberga no dia!

Joaquim Maria Castanho


La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português