2.13.2015

TEM TINO, JUÍZO



TEM TINO, JUÍZO 

Entre o siso e o sizo a ortografia
Está apenas na mona de quem lê,
Que se o erro ao facto enuncia
Só temos que perguntar-nos «PORQUÊ?!»

J Maria Castanho
ƸӜƷ ♫♪♫♪Ÿ♫♪ ♫♪ƸӜƷ



Riram-se à minha custa
Mas ninguém sabe porquê,
Que onde a razão é à justa
Mingua o sizo, como se vê.

J Maria Castanho
ƸӜƷ ♫♪♫♪Ÿ♫♪ ♫♪ƸӜƷ

2.11.2015

QUE DETALHES E PORMENORES HÁ-OS DESDE OS MAIS PEQUENOS AOS MAIORES

QUE DETALHES E PORMENORES, HÁ-OS PARA TODOS OS GOSTOS, DESDE OS MAIS PEQUENOS AOS MAIORES

«Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades», disse o tio Ben a Peter Parker.

In O HOMEM ARANHA I


A única diferença plausível e observável entre cultura e propaganda, é que a primeira admite, integra e inclui a segunda, mas a propaganda exclui, estigmatiza e instrumentaliza a cultura. Sobretudo e por isso mesmo, se é já de si difícil perceber como funciona uma mente, ainda que das mais normais e pacatas, então avizinha-se hercúlea tarefa perceber a dum povo, mesmo que recheado de paz-d ’almas como é nosso, que é o conjunto – somatório e produto – de cada uma delas e o entrosamento de todas elas, formando essa amalgama de diversidade multicultural, que devia também ser integracionista mas prefere ser anárquica, a que chamam povo lusitano ou português. Contudo, não é: é simples: não funciona. Porque se funcionasse não estaríamos como estamos, não devíamos o que devemos, não haveria a corrupção que há; teríamos políticos honestos, frontais e competentes – e não temos. Nem resistiríamos às pequenas mudanças conforme resistimos, esperando ansiosamente uma grande e derradeira que nos salve ou nos atire definitivamente de pantanas, como sucedeu com D. Sebastião, o Encoberto, e Alcácer Quibir. Não nos oporíamos a repensar continuamente as nossas prioridades, nem faríamos orelhas moucas às sugestões e palpites do conhecimento universal acerca das alterações que temos de efetuar para melhorar a acuidade observativa, lucidez técnica e objetiva, disponibilidade mental e sentido prático, espontaneidade e eficácia de conduta. Ou seja, estaríamos dispostos e disponíveis para contribuir eficazmente para o desenvolvimento coletivo, aumento da qualidade de vida, garantir razoável sustentabilidade socioeconómica e máximo bem-estar, e não estamos. O que denota que essa resistência não é apenas resistência, mas incapacidade de nos adaptarmos a uma sociedade moderna e aberta, democrática e emancipada, consciente e responsável, insistindo teimosamente no modus operandi da teimosia infantil e explicitado sentimento de inferioridade caraterísticos da mentalidade provinciana e pacóvia que grassou, e grassa, de norte a sul, desde o tempo dos santacombadões do está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira. Emperrou. Está atravancada de monos e trastes como estaria qualquer sótão arrumado por dez milhões de macacos à solta. Coisa que se nota principalmente nas periferias das cidades periféricas (ou do interior), onde a economia paralela floresce e prolifera, de forma escorreita e destemida, à vista de toda a gente, e sob o beneplácito e agradado olhar das autoridades, que se estão literalmente nas tintas prò assunto…

Fiscalização? Nem vê-la. Que estão escalmorrados contra o governo que lhe cortou nas mordomias e horas extraordinárias. E os populares? Bhhhaaa!... “Na terra do bom viver faz-se o que se vê fazer”, justificam-se, atirando o olhar para os exemplos que vêm de cima.

O governo que temos foi o governo que escolhemos (ter), e a esta altura do campeonato não vale a pena rabiar, uma vez que ele entrou na descida que antecede a reta da meta, e não é agora que se vai conseguir aquilo que não se conseguiu no apogeu do mandato, que é deitá-lo a baixo, ou fazer com que melhore o seu programa e a execução dele, pelo que falar contra a ação governativa e sua composição só lhe dará força, motivação e renovação de ideias, dando subscrição plena à sentença de que aquilo que não tem remédio, remediado está. Até porque se lhe esgotou a criatividade e imaginação, coisa que também tem limites mesmo para quem é perverso e maléfico, quer o reconheço, quer não, inclusive por se lhe haver secado a fonte de inspiração típica dos navegadores à vista da costa, que é a oposição, que entrou igualmente em crise de gestação e se encontra prestes a sentir as dores de parto, pela ameaça dos movimentos e novos alinhamentos políticos que se aprestam a abalroar o establishment ocidental (e ocidentalizado). Tanto por influências históricas judaico-cristãs, como pelas anglo-saxónicas do novo-mundo: via UEA, UE, China, India, Brasil, Canadá ou Austrália. E até da Islândia, que deu um pontapé no seu desregrado estado para rumar em direção à sustentabilidade, ao desenvolvimento e ao são convívio com a natureza, por mais vulcânica, ameaçadora, fria, agreste e exigente que ela seja.

Vai daí, contentamo-nos em prolongar o carnaval para além dos cinco dias que dita o entrudo, e assobiamos prò lado, alegrando-nos por saber que há ainda quem esteja pior do que nós, indo buscar felicidade à infelicidade alheia. Vemos no que deu o CHARLIE e não arriscamos. Vemos uns filmes. Assistimos em direto à entrega dos óscares. Desabafamos no futebol. Temos um fado sempre na grafonola digital. E um de cante alentejano próximo da máquina, que nos pode apetecer uma sesta. Fazemos zapping amiúde, e guardamos a genuína apreensão sobre o futuro para os analistas da meteorologia, que o pintam com avisos de curto prazo, desde o vermelho ao verde com amarelo das rosas repolhudas e amistosas. Podíamos tomar as rédeas ao destino, mas não tomamos, que isso dava-nos um grande poder. E um grande poder é um grande encargo, uma enorme responsabilidade, como dita o herói da pequenada a quem a teia teceu a segurança, o voo mas também o medo e o criancismo. A superstição. A vida tramada. E acomodamo-nos amuados.  

Bom… Mas AINDA temos a liberdade de expressão, se dirá. Não, não temos. Usufruímo-la, executamo-la porque veio/vem de fora, com a Internet. Senão andaríamos todos e todas a comer o pão por conta, ganho com a boca pequena, que é como reza quem se ajoelha por necessidade. E será que ela, a necessidade, depois de nos aguçar o engenho, começou também a burilar-nos o gosto? É caso para começar a ficar preocupados… É que para quem teme a mínima alteração ou mudança nos detalhes, com uma inversão tão radical, dava-lhe alguma coisa ruim. Oh, se dava!        


Joaquim Castanho

2.08.2015

EXIGIR FATURA É COMBATER A CRISE E AJUDAR A PAGAR A DÍVIDA

O que os alemães sabem acerca de nós e a troika não desconhece, é que se os portugueses quiserem saldar a dívida e cumprir com as suas obrigações podem fazê-lo, sem recorrer a austeridade excessiva nem aos atos sobre-humanos de que falou o Luís Vaz (de Camões), mais do que permite a força humana: basta que não contornem o fisco, se abstenham do mercado paralelo e instituam a honestidade e o civismo como normas de conduta diária. Que implementem a cultura da cidadania e da responsabilidade cívica. É pedir muito? Sobretudo depois de ter passado duas ou três décadas a fazer asneiras com o dinheiro “nacional”, a esbanjar por motivos eleitoralistas, a ser refém dum economicismo atávico e obreiro de inutilidades megalómanas? Penso que não. E todos e todas reconhecerão facilmente como de fato assim é. Ou, para evitar mal-entendidos gerados pelo acordo ortográfico, a que insistem resistir como se dum teste à próstata se tratasse, reiterarei que «todos e todas facilmente reconhecerão que de facto assim é.»

E as nossas “faturinhas” têm que entrar para o nosso processo fiscal, logo identificadas com o nosso número de contribuinte, e estar registadas no site e-fatura do Portal das Finanças, que deve ser atualizado continuamente, tendo cada qual a obrigação de verificar lá a sua presença e de chamar a atenção da autoridade tributária, num prazo razoável, coisa de dois ou três mezinhos, de que a empresa X ou Y, a quem nós comprámos isto ou aquilo, “ainda” não lhes enviou as ditas. Custa muito ajudar para que o nosso país nos ajude a melhorar de vida e estabelecer um crescimento sustentável? Melhore a sua performance fiscal e tributária? Custa muito não só fazer meninos e meninas mas também preparar-lhes um mundo coeso, seguro, honesto e saudável em que se possam também reproduzir? Claro que não custa, nem para os mais vadios, “subeficientes” e adoentados. Portanto… Acabem lá com as modas, que ser humano, participativo, democrático, simultaneamente europeu e português, exercer uma cidadania ativa e envolvida, não é nenhuma excentricidade nem handicap.

Gostar ou não dos partidos que estão no governo, não é desculpa para nada, principalmente para prejudicar os demais que, como nós mesmos e os nossos vizinhos e vizinhas, todos os dias dão no duro para garantir a sua independência e sustento. A responsabilidade cívica não é um dever só para os outros e outras. E a liberdade sem ela, sem a responsabilidade cívica, não é nenhuma modernice intelectualóide nem um radicalismo esquerdista ou acrático: é uma sacanagem simiesca. Além do que as despesas gerais familiares, de saúde, na educação, os encargos com imóveis e despesas com lares de 3.ª idade, bem como as faturas relativas às aquisições nos setores de atividade de alojamento e restauração, cabeleireiros e reparação automóvel e de motociclos e da habilitação ao sorteio Fatura da Sorte, são benefícios consagrados pela recentemente entrada em vigor informatização da fiscalidade e atividade económica.

E o fato de recebermos pouco, idem. Quem aufere um rendimento inferior, não significa que deve ficar à margem da ética e do civismo, mas antes demonstrar que está preparado para receber mais, e que se o recebesse cumpriria as suas obrigações fiscais com aprumo e galhardia, no respeito pelos demais e as regras da sociedade. As pessoas não se medem pelo que têm mas pelas atitudes que tomam. Nem pela aparência física, mas sim pelo comportamento e prática quotidiana na consideração e empatia de que são capazes pelos seus semelhantes. Estamos todos no mesmo barco, e todos podem fazer a sua parte para continuar a navegação. Quem tem muito contribui com muito, e quem tem pouco contribui com pouco ou mesmo com nada. E, como diz o povo, quem dá o que tem, a mais não é obrigado.

Estamos a mudar de era, e a do chicoespertismo trapaceiro do biscate e manhosice egoísta já se foi.


Joaquim Castanho          

2.06.2015


A CULTURA NUNCA PODE SER SECUNDÁRIA

Na Grécia do Tsipras (Alex, pròs amigos!), o organograma governamental apresenta quatro superministérios: A Educação, A Saúde, A Economia e A Cultura. Quatro aaaa como o óleo da Pima (já crescidinho). Essencialmente porque no entendimento grosseiro da coisa pública, o que ninguém conseguirá ignorar, uma economia de sucesso nunca poderá prescindir duma educação vigorosa e dinâmica, duma saúde musculada e flexível, nem duma cultura apta e abrangente, inovadora e ativa. Imaginativa e observativa. Sem o olhar crítico e envolvido desta última quaisquer outras valências ministeriais baterão com os burrinhos na lama, afundar-se-ão no tédio, no marasmo, na hipocrisia e na insustentabilidade, uma vez que foi sempre e em todo o lado – desde os impérios persa, egípcio, grego e romano (pelo menos) que recorreram à receita pra vingar e pereceram mal a abandonaram –, a única estratégia política plausível ante as contrariedades forjadas pela ausência de estabilidade orçamental, crescimento económico, oscilação dos mercados e capitais, fragilidade social. Mas sobretudo, se queremos que a economia não desperdice oportunidades de rendimento, a saúde não contraia agastes novos, a educação não se transforme num sorvedouro de talentos e mais-valias, mas sim, e antes, se implante como um veículo de excelência para conteúdos atuais e atualizados, interessantes e atraentes, ou capazes de se transformarem em agentes de progresso e desenvolvimento. E sustentabilidade.

Mas os gregos são antigos, muito mais antigos (coisa de três ou quatro mil anos) do que nós, que só nascemos há 900 anos e uns trocos. Somos uns gaiatos face a eles, e, por isso mesmo, não pensamos e metemos a cultura num desvão, com secretaria lá para os fundos do organograma governamental. E quem lucrou e lucra com isso? Os ingleses, os norte-americanos, os alemães, os franceses, os nórdicos e o mercado paralelo em geral. Porque não havendo cultura ninguém precisa de educação nem sabe prò que serve, pode haver saúde física mas a mental fica pelas ruas da amargura, e a economia é um calvário que todos e todas temos que subir com a Autoridade Tributária às costas.

Porque quando o processo de evolução de uma sociedade conservadora e gerontocrática, como a nossa, e também a europeia, principalmente na parte mais desenvolvida dela, é notoriamente lento, a mínima centelha de motivação, a mais pequena mudança nele, torna-se, evidentemente radical. Num lago parado a queda duma larada de passarinho provoca uma cadeia de pequenas ondas que se assemelha a um movimento tempestivo. Alterar as rotinas, como pedir fatura com número de contribuinte em todas as compras (e vendas), pode ser tão doloroso na atitude cultural dum povo, como a extração de um dente cariado num indivíduo: sabemos que não presta para nada, só nos causa dissabores e fealdade, é duma inutilidade inegável, podemos arrancá-lo sem a mínima dor, porém, deixará sempre um buraco no maxilar de onde o tirámos. E sentir-lhe-emos a falta durante algum tempo. Todavia, nenhum povo, nenhuma nação digna desse título, perde 45 mil milhões de euros em impostos num ano por acaso… E Portugal perdeu-os. Perdeu-os para a economia paralela, quando essa maquia, esse buraco, essa falta, era suficiente para saldarmos a nossa dívida à troika, e assim deixarmos de andar com uma das mãos à frente e outra atrás para tapar as misérias sociais que nos caraterizam. E porquê? Por falta de cultura. De cultura democrática. De cultura tributária. De cultura política. De cultura sanitária. De cultura social. De cultura educativa. De cultura económica e empresarial. De cultura financeira. De cultura cosmopolita. De cultura literária. E a saúde orçamental do próximo ano dar-nos-á notícia dela. E de como uma simples enfermidade se transformou num quisto cancerígeno para o qual ainda não foi inventada qualquer cura, antídoto ou vacina…

Portanto deixemos de cegarregas e de atirar areia pròs olhos do Zé-Povinho, que os gregos, não obstante terem uma dívida infindavelmente maior que a nossa, o que os obriga a pagar mais de 10 mil milhões de euros de juros anuais, e que monta a 315 mil milhões de euros ou 175 % do PIB, estão atualmente em melhores condições para saírem do aperto do que nós, a quem falta além das culturas enunciadas a do bom senso político e honestidade, que é coisa rara por cá, pelo menos desde os hermínios viriatos, tão apreciados pelos santacombadões do nosso contentamento e do tudo está bem assim. Mas tão bem, que até achamos normal ter uma cultura que mal chega a secretaria de Estado… Pudera!  

Joaquim Castanho     

2.05.2015

PRA QUEM É BACALHAU BASTA

PRA QUEM É BACALHAU BASTA

A maioria dos cidadãos e cidadãs da portugalidade bem-formados/as fala e escreve exemplarmente quando se dirige aos estrangeiros, mas dão erros em barda, uns e umas atrás de outros e outras, sempre que o fazem com os seus conterrâneos e conterrâneas, concidadãs e concidadãos do linguajar lusitano, talvez por considerarem que estes, os portugueses e portuguesas da língua materna, mais não merecem, nem sequer os usuais cuidados que dispensam a qualquer dialeto dos demais idiomas do mundo (dito) civilizado. Nisso, realmente, são bons, são ótimos, são excelentes. Que nas 250 palavrinhas a que qualquer prova obriga não dão uma prà caixa, e conseguem fazer uma média de três erros ortográficos (e de pronúncia) por cada dez palavrinhas, incluindo as monossilábicas, assim na boa, sem fazer o mínimo esforço nem pisar no acelerador a fim de cumprir limites de tempo. E até acham que os dirigentes nacionais que se expressam em português quando se pronunciam em atos oficiais onde se exige a sua presença, tanto na Europa como nos restantes continentes deste globo à babugem do sistema solar plantado, é porque não sabem inglês, francês, russo, alemão, mandarim, etc., etc., evidenciando não estarem à altura das funções para as quais foram eleitos/nomeados, sendo isso prova consumada e incontestável de acentuado défice no seu desempenho. Como e porque é que isto acontece? E onde nos levará? Pergunta-se.

O porquê sabe-se e é inequívoco pela evidência que traduz. Porque os portugueses e portuguesas dão o cu e dez tostões para agradar a quem invejam, e (desconfia-se, de acordo com os resultados obtidos ultimamente) têm razão para invejar todos os povos e nações do planeta, exceto os espanhóis, gregos e irlandeses, que têm andado igualmente com as calças na mão e navegam nas mesmas águas da mandriice, da corrupção, do chico-espertismo, do favor e por conta, do corporativismo, da subsidiodependência, do miserabilismo cultural e económico, da tentativa de ludibriar e contornar o Estado de Direito e os credores que emprestaram dinheiro para governar a casa, do lamechismo arrivista e da inconsciência social, que nós. E que insistem em viver acima das suas posses e atirar as culpas do seu fraco desenvolvimento à crise, aos mercados, à alta finança, aos bancos e à Sra. Merkel, expurgando o elevado défice, e dívida, de qualquer dano que a má-gestão, interesse obscuro e ignorância caraterísticas do provincianismo atávico tradicional lhe tenha originado.

Já o como fia mais fino, e aparenta não ser assim tão fácil de discernir… O governo salienta que é por sermos bons alunos, habilidosos no biscate, mezinha e remedeio, por fazermos todos os exercícios (TPC) e distintos cumpridores dos ditames troikanos. A oposição faz notar que estamos a investir no futuro, entendendo por futuro “essa utopia” de atingir os mesmos resultados e escores que tivemos no passado: dar as costas ao Mar da Palha. E os partidos/movimentos novos, como precisamos de mudar para voltarmos a ser o que já éramos e nunca deixámos de ser (oportunistas que navegam ao sabor das marés), estamos a ensaiar, a treinar, a ganhar estaleca, para melhorar a performance de pedintes e arruaceiros que representamos desde o 25 A.

O onde é que isso nos levará? Ao que se vê. Ouve. E lê. Quem escreve e fala com desenvoltura e galhardia, correção e atendimento das regras (de dicção, ortografia, coerência, lógica, conjugação, fluência, flexibilidade vocabular, sintaxe e síntese) do português bebido em Bernardim, Camões, Gil Vicente, Garrett, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Florbela Espanca, Guimarães Rosa, Erico Veríssimo, Cecília Meireles, Miguel Torga, etc., etc., é suspeito. E de tudo! Principalmente de ser arrogante, vaidoso, sabichão, e de ter a mania. De gostar de se armar. E até de não ter carro… ou de andar a pé! (“Sabe muito mas anda a pé”, como ciciam as mentes puras da trogalheira quotidiana…)

Nos jornais e telemóveis o “aceite” e “entregue” sem serem imperativos imperam como prova de bom gosto e guarda-avançada da modernidade; nos noticiários e filmes o “despoletar” emprega-se quando se quer dizer “espoletar”, “detonar”, “provocar”, a toda hora; nos discursos de “empreendorismo” os enfoques proliferam que nem ginjas à beira dos “cristalinos” regatos de know-how dos politécnicos e formações profissionais portugas; e as grafites, ementas e preçários esgrimem com cagança e desenvoltura ou sã concorrência a ver quem consegue mais entradas tipo “Portugal no seu melhor” no Facebook e abicha mais Kkkkkkkkkkkkk e likes por postagem e/ou partilha.

Porém somos, todos e todas, gente fina e de pura casta. E fornecemos a educação ao menino e à menina, como sempre ditou a tradição do pra quem é bacalhau basta. Ou seja, estamo-nos literalmente nas tintas uns para os outros, e umas para as outras, e tanto se nos dá como se nos deu que aqueles e aquelas a quem nos dirigimos nos entendam como não. Principalmente porque desconhecemos com exatidão o que queremos dizer, mas também porque consideramos que ninguém que seja como nós e fale a mesma língua merece o mínimo respeito, consideração, esforço de compreensão e atenção. Tal e qual como os demais (povos ou adultos) fizeram connosco quando éramos pequenos. E que faz com que ainda o sejamos. Senão menores, de geração para geração. E menos capazes de vencer os obstáculos que naturalmente o mundo livre e a livre evolução nos colocam, ao almejar os patamares de consciência socioeconómica, identidade cultural, emancipação e sustentabilidade a que temos direito… Ou não temos, e quem está enganado sou eu.


Joaquim Castanho  

2.03.2015

O DOM DE LER




Não há tempo mau nem bom,
Ser que não possa ser (melhorado);
Que quem de ler tiver o dom
Pode fazê-lo em todo lado.

J Maria Castanho
:D ƸӜƷ ♫♪♫♪Ÿ♫♪ ♫♪ƸӜƷ (Y)

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português