ASANA
DE LUTA
De
costas viradas não te vejo
Mas
sei onde estás e sinto-te real...
São
como sentidas estrelas em cortejo
Que
me marcam fulgentes, por sinal
Quase
de línguas incandescentes
Com
que se diz o sonho (ou o virtual)
E
me dedilham de vertigem e solfejo
Num
abismo de perder a noção de bem...
Ou
de mal.
Serenas
pausas entre seres afastados
Acontecem
espaços por acontecer também,
Que
se em metros forem bem contados
Nunca
bastarão para afastar ninguém.
Ou
silêncios, que igualmente distanciam
Porque
distas são as costas que se avistam
Entre
os ritmos que a estudar cadenciam
A
chegada dos conceitos que nos pautam
O
navegar, o surgir significante com significado
Que
estar de costas é estar virado
Ter
por dentro o que é de dentro
E
por fora, o mesmo lado...
Entre
costas há o mar, oceanos de lava pura
Arquipélagos
de literatura, intrigas, enredos,
Vidas,
condenações por amor, perdições e segredos
Poetas
que fizeram da existência outra aventura.
Há
os destinos, sem chegada nem partida
Sinas
que se cumpriram sem sair daqui,
Vidas
tumultuosas que engrossaram a vida
Miríades
de tragédias que sentado vivi.
São
diferentes, estas bandeiras desfraldadas
Entre
nós, redes tão parecidas às pesqueiras
Que
de nó em nós emalham as seteiras
De
onde vigiamos as simples madrugadas
Que
hão de descobrir o caminho de nós
Tendo
nas ondas outras estradas
De
cabelos (ser)penteadas a sós
Pelos
dentes das paixões despenteadas.
Porque
dessas somos apenas as mós
Que
separam o pó das palavras soletradas
Costas
com costas, combatendo o que vier de fora
Que
as sentidas sentinelas só sabem sabendo
A
sentida soletração que em nós nos demora.
Costas
com costas, do anoitecendo
À
aurora, que o futuro é um ontem tecendo
A
teia que somos nas palavras do agora!
Joaquim
Castanho
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