5.31.2015

AMPLEXO LUMINOSO





AMPLEXO LUMINOSO

É vazio o eco de uma floresta sem pássaros,
Ainda que restolho gretado sob o sol acutilante
Suplique esquisso no horizonte violeta e rosa,
Cheio do silêncio gritante dos sobreiros solitários,
Sob outro estendal de panos templários (da prosa).

E mais que isso, na penumbra do rés-do-chão
A linha de teus gestos que se desprendem
Pouco a pouco, tudo-nada, cabelos desalinhados
Estendidos como um sonho do olhar recorrente
Que, de visto, nos deixa quase embriagados,
Com os braços esticados na procura cega do ser
Elástico, elegante, ágil, felino de ter-te urgente
Verbo preso na caixa da boca, pronto a dizer
Pelos socalcos das sílabas o crescente desejo,
A tua liquidez desmaiada no ocaso; acutilante
Da estrela da alma prestes a rebentar em luz,
Lá no alto onde apenas se chega por ânsia de jus,
Esmagamento absoluto de perpetuar-te em mim
– AaaSSSSSiiiiiiMMMM!!!! – até as veias rebentarem,
Gretarem a frase pelos complementos diretos
Direitos ao verbo eclodir pra esgarrar a casca,
Pô-la porta aberta a soltar brados, sons insurretos
Despertos pelo teu ledo grito a estilhaçar o medo!


J Maria Castanho

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La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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