AMPLEXO
LUMINOSO
É vazio o eco de uma floresta sem
pássaros,
Ainda que restolho gretado sob o sol
acutilante
Suplique esquisso no horizonte violeta
e rosa,
Cheio do silêncio gritante dos
sobreiros solitários,
Sob outro estendal de panos templários
(da prosa).
E mais que isso, na penumbra do
rés-do-chão
A linha de teus gestos que se
desprendem
Pouco a pouco, tudo-nada, cabelos
desalinhados
Estendidos como um sonho do olhar
recorrente
Que, de visto, nos deixa quase
embriagados,
Com os braços esticados na procura
cega do ser
Elástico, elegante, ágil, felino de
ter-te urgente
Verbo preso na caixa da boca, pronto a
dizer
Pelos socalcos das sílabas o crescente
desejo,
A tua liquidez desmaiada no ocaso;
acutilante
Da estrela da alma prestes a rebentar
em luz,
Lá no alto onde apenas se chega por
ânsia de jus,
Esmagamento absoluto de perpetuar-te
em mim
– AaaSSSSSiiiiiiMMMM!!!! – até as
veias rebentarem,
Gretarem a frase pelos complementos
diretos
Direitos ao verbo eclodir pra esgarrar
a casca,
Pô-la porta aberta a soltar brados,
sons insurretos
Despertos pelo teu ledo grito a
estilhaçar o medo!
J Maria Castanho
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