4.19.2015

A COLÓNIA PENAL, de Franz Kafka


“– (…) O sistema deve poder funcionar doze horas seguidas; se surgirem algumas perturbações, serão mínimas e poderemos remediá-las imediatamente.
(pág. 11)
(…)
(…)
– Esta máquina, disse, segurando uma manivela à qual se encostou, esta máquina é uma invenção do nosso antigo comandante. Colaborei com ele logo desde os primeiros ensaios e participei em todos os seus trabalhos até ao fim. Mas o mérito da invenção só a ele pertence. Já ouviu falar do nosso antigo comandante? Não? Decerto que não exagero afirmando que toda a organização desta colónia é sua obra pessoal. Quando ele morreu, nós, os seus amigos, sabíamos já que era tão perfeita que o seu sucessor, mesmo que tivesse mil novos planos na cabeça, não poderia modificar-lhe nada, pelo menos nos tempos mais próximos. As nossas previsões verificaram-se, aliás; o novo comandante teve que inclinar-se perante os factos. É uma pena que não tenha conhecido o seu predecessor… mas, interrompeu-se, falo, falo, e a sua máquina está perante nós. Compõe-se, como vê, de três partes. Com o correr dos tempos elas receberam denominações, por assim dizer, populares; a parte de baixo, é a cama, a de cima, a desenhadora e a do meio, a que fica no ar, a grade de esterroar.
– A grade de esterroar? perguntou o viajante.
(pág. 11/12)
(…)
– (…) É à grade que cabe a verdadeira execução da sentença. “    
(pág. 15)

In FRANZ KAFKA
A Colónia Penal
Trad. Jorge de Lima Alves

apartado 44, 1982

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