5.26.2008

Intriga na Expo'98
Bernard Testu
Trad. Clarisse Tavares
344 Páginas

Durante uma expedição ao submundo aquático, uma equipa de investigadores franceses descobre um oásis térmico, onde abunda o espécimen esponjoso raro e incomum, cuja sexualidade não é hetero nem hermafrodita, como as demais já conhecidas, mas que hesita entre os dois tipos, e que representa um extraordinário achado, visto que pode ser ele o elo que faltava (missing link) na evolução biológica e vem alvoroçar de expectativas as comunidades científicas das principais potências mundiais. O pavilhão francês da EXPO, ao ser contemplado com um extracto dessa esponja, transforma-se no alvo preferencial de todos os grupos interessados em possuir o designado coral. Daí que, ao ser assaltado por profissionais do crime ao serviço de americanos, se tenham cruzado estes com uma das voluntárias destacadas para o pavilhão, pelos vistos retardatária por questões libidinosas, numa primeira tentativa de se apossarem do exemplar, e como receosos da surpresa, a matam por asfixia, indo posteriormente depositá-la no aquário do Oceanário, onde é descoberta na manhã seguinte pela empregada e limpeza.
Ora, na sequência desse homicídio e em resultado de investigações policiais, ou denúncias, os franceses trocam a esponja, pondo em seu lugar outra parecida, e a Polícia Judiciária (PJ) planta-se de atalaia. Não obstante, à segunda tentativa os americanos apoderam-se do espongiário marinho, desconhecendo a troca, e escapam para Marrocos, via Espanha, semeando a morte na sua passagem, nomeadamente a de dois polícias de trânsito árabes.
Então, o ridículo que acompanha todos os crimes desabrocha pela vertente que lhe é mais peculiar: a da gratuidade. E os energúmenos ficam nas mãos com um espécimen falso e inútil, e morto, além de convencidos que a deixaram morrer por falta de cuidados no seu transporte. O que, convenhamos, não representa mais do que aquela peculiar dose de estupidez que condimenta a esperteza dos ignorantes e marginais.
Para o final vence o político, o autor, antigo chefe do gabinete ministerial e presidente-adjunto da Câmara de Saint-Quetin, comissário geral do pavilhão francês da EXPO'98, quer pela oportunidade, quer pela tentativa de escamotear ficcionalmente os parâmetros da espionagem actual, que se estendem muito para além dos universos bélicos, económicos e petrolíferos, mas também se investem de uma perspectiva científica e ambiental, cada vez mais actuante e funcional, se quisermos compreender a problemática da modernidade. Com responsabilidade e civismo, principalmente.

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