5.26.2008


Prelúdio à Fundação
Isaac Asimov

Trad. J. Santos Tavares
432 Páginas

Isaac Asimov provou-nos, primeiro, que os robots são nossos amigos; mas, em seguida, que se o homem tem inimigos, eles são o próprio homem. Para tanto utilizou duas linhas ou "séries" literárias distintas: a série Robots e a série Império Galáctico. Na primeira, reduziu os monstros de metal barulhentos à condição de subalternos da humanidade, através das suas três leis da robótica; na segunda, introduziu o conceito de mutante na FC (Ficção Científica), e obrigou o homem a existir para além do corpo, intelectualizando-o, tornando-o peça fundamental da novel e imaginária ciência da psico-história. Aliás, Isaac, nascido na Rússia e licenciado em Química pela Universidade da Columbia, tendo trabalhado muito perto, durante o período da II Guerra Mundial, com Robert A Heinlein (outro fazedor de mundos novos, e autor daquele que veio a ser considerado a Bíblia dos Hippies e da geração Beat – os Beatnicks –, Um Estranho Numa Terra Estranha), ganhou-lhe o gosto e influência, em tal grau e tamanha, que nunca mais parou, somando já além de 60 anos de actividade criadora, dispersa por infindável número de títulos.
Não obstante ter sido o último livro a ser escrito (1988), Prelúdio à Fundação é o primeiro da série Império Galáctico, e versa precisamente sobre a sua génese, fundação, história, constituição e estrutura sócio-económica, fundamentação política e cultural. Nele, um jornalista, Humin (ou o governador Demerzel, ou o robot Daniel Olivaw), um matemático, Seldon, e uma historiadora, Dors, tentam salvar o Império da derrocada irremediável, consequência da crise que atravessa, e a que estás prestes a sucumbir, efeito directo da sua enorme vastidão, porquanto é constituído por mais de 25 milhões de mundos, ou planetas, distantes uns dos outros, dispersos e diferentes. E o instrumento primordial, estratégico, para o conseguirem, é a teoria da psico-história, ou uma matemática que lhes permite predizer o futuro. Pelo que, sabendo-se então qual ele virá ser, ou é, se pode alterá-lo, contrariá-lo ou reforçá-lo, agindo sobre o presente... O que, como todos sabemos, não é novidade nenhuma!
E o autor não perde oportunidade de voltar a deslumbrar-nos. Desta feita, propiciando-nos, além da visita guiada a alguns mundos do Império (Trantor, Micogénio, Dalpl, Ipsilon, Cinna, Helicon), num relato explícito e pormenorizado de costumes, personalidades e tradições, aplica-lhe também uma soberba dose de perseguição e fuga, características do formato policial, com homicídio em latência, invertendo o curso da série robot, realçando como, desta vez, é um humano a apaixonar-se por uma máquina, coisa que nem está assim tão "longínqua" dos nossos net tempos, nem virtuais ambientes. Enfim, Prelúdio à Fundação, é um livro de quando, no futuro, ainda se regressava ao passado para deslindar melhores presentes.

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