A FUSÃO DAS ÁGUAS
Haverá um dia em que escutaremos as sombras
Talvez, das árvores do Jardim do Passeio Alegre
Ou que pendentes das ravinas íngremes – tanto faz –
Como se fossem oscilantes vimes sob o vento leste
Espanta espíritos a dançar pendurados da voz
Asas de tira-olhos a esvoaçar à luz do luar
Folhas de oliveira ante o pratear das brisas.
E tudo isso nos diremos só com o aflorar dos dedos
Os teus dedos a tocar subtilmente nos meus dedos
Sobre o granito do muro lateral que amarra o mar
Onde nos sentámos para ver as águas doces do rio
Fundirem-se na prata das águas salgadas do oceano
Num sôfrego diluir-se sem mínima descontinuidade…
Joaquim Maria Castanho
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