P U L S A R A L O N G A D O
Absorvo a causa mas a casa absorve-me
Absorve pela luz, desliza fugazmente
Como quem se exila na sombra da derme,
Pele verde da terra molhada, crente
Sem crenças, aspergida breve, fugidia
Pelo sonho que teve na própria poesia…
E a causa é da casa, não é de ninguém
Antro cerzido em água fria, tecida
A horas cruzadas com horas, com vida
Por mais vida entretecida sem entretém,
Nem sequer outra coisa além da ousadia
Que habita no sonho da própria poesia.
Absorvo-me, mas reescrevo-me, também
Tal reescrito é cada verso, cada dia
Quase estrofe de balanço, nesse vaivém
Com que o ritmo marca a própria poesia.
Joaquim Maria Castanho
17.08.2023
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