UMA
APOSTA PELA MUDANÇA, UMA MUDANÇA PELO FUTURO
A autonomia e consciência cívica,
responsabilidade pessoal e coletiva, a democracia direta e participada, a
cidadania plena e irrevogável, o empenho e conhecimento social ou individual
sobre a qualidade de vida, a biodiversidade e sustentabilidade ambiental, são
as raízes fundamentais duma sociedade equilibrada e justa, emancipada e
fraterna, humanizada e livre, que favoreça o são relacionamento entre nós
mesmos, bem como entre nós e as outras espécies, entre a nossa e as restantes
sociedades e as suas respetivas culturas. Ao invés do que alguns setores
egoístas da presente conjuntura sociopolítica pretendem afirmar (no discurso) e
confirmar (na prática), o ser humano não vive para a exclusiva satisfação das
suas necessidades, nem para o fixado intento de ser feliz (olhando ou não a
meios), embora também precise de os conseguir, quer a felicidade como os meios,
em termos e patamares plausíveis e positivos, mas antes para a vida, que quer
ser omnipresente e eterna, e nos tem a nós, homens e mulheres, apenas como mais
uma estratégia, entre milhões de outras conhecidas, para o realizar. Portanto,
devemos animar o nosso cotodiano quotidianamente num movimento presente e
constante acerca dele, mas igualmente sob os auspícios do futuro e sua providência,
a fim de salvaguardarmos a harmonia social, o equilíbrio dos ecossistemas, a
unidade do indivíduo e as suas capacidade de empatia, de forma a que se
mantenha livre, lúcido, objetivo, livre e autoconfiante face a todas as
problemáticas que nos impeçam ou bloqueiem, a cada qual como às comunidades
onde está inserido, de responder positivamente às expetativas que a vida nos
reservou ou atenções que nos despensa e exige. O ecocentrismo é, assim, a
resposta imediata e a atitude consentânea com esta perspetiva existencial,
assente em três grande linhas de força ou pilares (integração simbiótica do ser
humano na natureza e combate de todos os dualismos que a sonegam –
condicionamento da atividade económica e opções tecnológicas que ponham em
causa a sustentabilidade e a biodiversidade essenciais – prossecução funcional
da natureza de modo a facilitar um contínuo de harmonia planetária), com vista
a prosseguir as bases de concórdia interpessoal e internacional num sistema
operacional da plataforma ambiental que é a atividade sociopolítica regional,
nacional, europeia e global.
Neste sentido importa que nos
sensibilizemos quanto à nossa maneira de estar e conviver, de forma a que neles
contemplemos a tomada de consciência entre grandeza e grandiosidade – posto que a primeira é sinónimo de
excelência, magnificência, fortuna, honraria, dignidade, mas segunda nos sugere
megalomania, sumptuosidade, dispendiosismo extravagante –, a fim de efetuar a
mudança social e ideológica que faça confluir a qualidade de vida com níveis de
bem-estar (material e espiritual) conformes às exigências dos ecossistemas que
compõem o nosso habitat e dos quais também somos parte, e a mais interessada,
por sinal, uma vez que cada vez se torna mais evidente, em termos de
sobrevivência, que ou sobrevivemos todos e todas (incluindo as espécies) ou não
sobrevive ninguém. Ou seja, nunca a escolha se nos deparou tão fácil. E
imperiosa. Ou mudamos, ou a natureza e a
vida nos mudam.
Pelo que, e em conformidade com o status quo global facilmente diagnosticável e à vista
desarmada, devemos reconhecer que o florescimento da vida humana e não-humana
tem valor em si mesmo, e não relativo aos objetivos e finalidades que lhe
determinámos ter de acordo com os nossos interesses; que a nossa riqueza depende
sobretudo da nossa diversidade e da diversidade dos seres vivos que compõem o
nosso ecossistema; que não temos o direito de usurpar os direitos à vida das
demais espécies a não ser para satisfazermos as nossas necessidades vitais; que
o controlo da densidade populacional se deve fazer em termos de manutenção e
preservação do nosso território e ambiente, e não por fundamentos e
necessidades económicas e belicistas; que a interferência da espécie humana
sobre as demais é excessiva e abusadora a maior parte das vezes; e que as
nossas opções políticas, sendo a política......, devem ser democráticas e não
autoritárias, quer em relação a nós mesmos e nós mesmas, quer em relação à
ecosfera e espécies que têm igualmente por habitat. Será isso sobre-humano? Não
creio. Principalmente para nós, portugueses e portuguesas, habituados que
estamos a sair do quadradinho térreo das ideias quadradonas para abarcar a
universalidade do ser e do habitar. E essa mudança nunca a fizemos apenas por
nós, mas pelo nosso futuro... O mesmo futuro que ora nos convoca.
Joaquim Castanho
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