4.07.2011

Contos Tradicionais Asiáticos

Colecção de Contos e Novelas, nº 22


Selecção e tradução de Silvina de Troya Gomes


Prefácio de Celestino Gomes


Editorial “GLEBA”, Lda. Lisboa






Mais ou menos por meados do século passado – a coisa tem que ser datada assim, pois a impressão não era numerada nem datada naquele tempo, a contar pelo usual na lisboeta Rua de S. Lazaro onde se estabelecia a SEVERO-FREITAS-MEGA, que lhe estampou a mancha – apareceu nos escaparates este belíssimo exemplar de pequenas narrativas, a que vulgarmente chamamos contos, que não posso, por uma questão de ética, deixar de apresentar aqui. Não o faço porém à solta, porquanto aquilo que de melhor poderia dizer acerca, já foi dito, e vem no prefácio, de autoria de Celestino Gomes, que transcrevo na íntegra, para inveja dos críticos atuais.

E só por isso, calino!


PREFÁCIO


Toda a obra de arte, expressão direta e espontânea da natureza humana no que ela tem de mais humano e mais primitivo, precedendo quase o próprio pensamento, tem de aparecer "como resumo dum drama literalmente shakespeariano onde as fatalidades dos princípios complementares se combinam sem conseguirem separar-se um do outro, pondo a tragédia de viver nesta contradição que todos trazemos connosco, condenados todos a arrastar a crueldade no mais terno dos nossos gestos, e a fazer nascer a morte no leito do amor (1)". Mas a rosa do Sol, que a todos cobre por igual, nem para todos é mãe, nem para todos madrasta. Por isso, no planalto de Anahuac onde a malária e a febre amarela crescem nos campos coalhados de sáurios, e na doce paisagem do Mediterrâneo de céus azuis e pomos de oiro, os olhos dos homens não podem ver igual a vida, e a arte dos Aztecas ser igual à da Hélade. As diferenças sentimentais entre os homens começam talvez no mito bíblico dos irmãos Caim e Abel, filhos da mesma mãe, por ventura só porque um era pastor de ovelhas e outro lavrava a terra, labores tão parecidos e tão, por demais, diferentes!


Povos da China, da Mongólia e da Tartária, da Arábia, Pérsia e Índia dos nossos títulos Senhores de Aquém e Além-mar, por onde nossos avós andaram vadiando, amando e sofrendo, ficaram, a despeito de logo por eles diferençados nos recados com que suas mãos escreveram o que os olhos viram, para nós apenas como exóticos e maravilhosos seres quase desumanos. Ora nada mais compreensível do que a arte, e de todas as artes a literária, mais compreensível do que todas, destes estranhos povos que os portugueses ensinaram ao mundo. Por muito que suas línguas ficassem confundidas na barafunda de Babel, que as suas culturas e os seus sonhos os separassem na confusão híbrida de suas raças, o fundo humano é o mesmo, apenas modelado pela face da terra que lhes calhou por sorte.


Os contos tradicionais das literaturas islâmicas – árabe, iraniana, turca – podem considerar-se amplamente representados pelas Alf Leilah oua leilah a que tanto o historiador árabe, do século IX, Abul-Hassan Ali-el-Massudi(2) como Mohamed bem Is'hak Al-Nadim(3), no século X, atribuem à influência persa da coleção Hazar Afsanah; e a sua formação como obra de arte, posterior, por via da tradição oral dos contistas ambulantes, à elaboração popular, lenta e inconsciente, do folclore islamita.


Cópias e recópias de escribas anónimos, mais cultos ou menos cultos mas cada um preferindo o pitoresco de seu dialeto familiar, deram-lhes um estilo em que intervêm todas as formas do árabe. Os documentos escritos mais antigos são do século X, e daí até ao século XVI, resultando o colorido desse próprio método vivo do relato direto, como na nossa História Trágico-Marítima.


Povo nenhum no mundo conseguiu criar mais variado caleidoscópio de imagens fantásticas, mais rico técnicolor de fantasia do que esta gente criadeira de "estranhos desfiles de califas, mendigos, carrascos, cortesãos, bandoleiros, santos, corcovados, zanagas e sultões, que atravessam os caminhos soalheiros entre trapos de mil cores, fazendo gestos inverosímeis(4)". O contista público, contínuo repetidor das histórias tradicionais da alma islâmica, tempera-as sempre de alegria, mímica, bom humor, ironia, para dar mais expressão à sua narrativa e provocar no auditório uma "geral embriaguez suscitada pelas palavras e ruídos imitativos, pelo fumo do tabaco que faz sonhar, pela essência afrodisíaca que parece flutuando no espaço, o sub-aroma discreto do haxixe que é o último regalo de Allah aos homens...(5)"


A literatura oral árabe, compreendendo os contos, as lendas e as poesias tantas vezes intercaladas naqueles e contando ainda nos primeiros os contos maravilhosos, alegres, eróticos e de animais, resume-se também frequentemente ao simples motivo anedótico cuja frase breve determina a comicidade com que pretende divertir o auditório. Nunca há maldade nem segunda intenção, apesar da escabrosidade das cenas e da nudez das palavras empregadas, porque o árabe “ignora totalmente esse produto odioso da senilidade espiritual: a intenção pornográfica (6), entrando francamente no campo do cómico sem invadir o do humorismo. Margoliouth afirma, por experiência própria, que “o gosto árabe parece ter preferido de grande modo a anedota, que amiúde consta de um par de frases, ou menos, e raramente chega a encher uma página. Coleções desta índole formam a rama da literatura a que se aplica especialmente o nome que corresponde a belas letras, e na vasta série de obras que têm este título trata-se constantemente da mesma matéria (7)”. Os personagens a quem sucedem as maravilhosas aventuras e as situações divertidas são populares em todo o Islão. Entre estes, por exemplo, Yehah, ou Si Yehah – o Sr. Yehah –, que alguns creem ter sido Sheik Nassareddin Yehah ou Nassareddin Affendi Yehah, é aquele a quem são atribuídas quase todas as anedotas do mundo islâmico, Índia, Pérsia, Arábia, Turquia, Egito e Marrocos. Pois esta, dizem os contadores árabes que sucedeu a Yehah:


Costumava a mãe de Yehah levantar-se quando, sobre o al-minar da mesquita, o muezzin chamava os crentes à primeira das cinco orações do dia – Feyer, Dohor, Aasar, Mogreb e Aachah –, e, como faltasse em casa com que se agasalharem e o filho dormisse embrulhado no jaike da mãe, tinha esta de destapá-lo para se vestir, e Yehah arrefecia. «Este maldito mudden», pensava ele, «é que tem a culpa. Tenho de me desfazer dele». E certa manhã, quando o muezzin subiu ao minarete, ele aí vai atrás dele, cortou-lhe a cabeça e apresentou-a à mãe, dizendo: «Pronto. Aqui está a cabeça do nosso despertador». «Agora é que eu vejo o teu poder» disse a mãe com mal contida admiração. Mas, pelo meio-dia, deram por falta do muezzin, catam por ele, sobem ao minarete e vão dar com o homem decapitado. Um disse: «Eu vi subir, esta manhãzinha, Yehah ao minarete. Se calhar foi ele que o matou». E foram todos de rostilhada a casa de Yehah. «Si Yehah, tu matas-te o mudden?» «Eu, não. Que mal é que ele me fez para eu o matar?» «Pois vamos revistar-te a casa». E foram. Remexeram tudo, sem deixar um argueiro por esquadrilhar. Nada. Já iam a ir-se com Allah quando alguém alvitrou que procurassem no poço.


Ora Yehah, que na verdade para ali deitara a cabeça, já a tinha trocado por uma de carneiro. Um dos improvisados investigadores desce ao poço, enquanto em cima, impaciente, esperava a fila circular dos filhos do infeliz meuzzin mais os vizinhos indignados. E o que encontrou, no fundo do poço, foi a cabeça de carneiro, mirou-a por todos os lados, algo desconfiado do achado, e acabou por perguntar lá de baixo, para a identificar: «Ó filhos do mudden! Olhem lá: o vosso pai tinha cornos?»


O espírito dos contos indostânicos é, pelo contrário, austero como a própria religião búdica de ascetas e mendigos. «Entre cipós floridos passam as belas amorosas, Draupadî, Çakuntalâ, Savitrî… Nos campos sangrentos combatem esses ferozes guerreiros cujos terríveis feitos nos surpreendem. Muitas vezes têm deuses por companheiros: Krishna não desdenha guiar o carro de Arjuna – e que nobres lições, que bem-aventuradas lições dá o deus ao guerreiro! Lá ainda, numa sombra misteriosa, aparecem esses puros ascetas que, pelo rigor, pela constância das suas austeridades, nos espantam. Eles já não têm sensações humanas. Para eles, já não há prazeres nem dores: vivem um sonho que jamais findará (8)».


É de tudo isto que são feitos os contos indianos: da calma augusta dos Iluminados que, em meio da selva pantanosa, traiçoeira, onde ronda o tigre e do fausto deslumbrante dos rajás, se contentam com “dominar os sentidos como um escudeiro domina um cavalo (9)”, ter uma túnica esfarrapada de monge mendicante e a sombra fiel duma árvore que não se afaste com o rodar do sol, como o senhor Sidharta Gautama, o mestre dos Çakias, que se chamou Buda.


“O motivo habitual da meditação dos hindus é o pouco caso que eles fazem da vida. Com paixões ardentes e fortes tendências para a sensualidade, este povo não se agarra à existência: por isso vemos que a exortação do desprezo pelas coisas da terra é um lugar-comum habitual na religião, na moral e na literatura da Índia, onde se repete constantemente que é insensato entregar-se cegamente à esperança, esse sopro que nunca nos deixa e nos conduz à morte divertindo-se constantemente connosco, como o tempo, kâlas kridati; é insensato dar-se ao desejo, essa ilusão que nos impele para bens derisórios e nos força ainda a correr à conquista impossível da felicidade quando já a cabeça nos tomba e o corpo dobrado dificilmente se segura ao bordão que treme em nossa mão (10)”.


“As origens da literatura indostânica devem procurar-se nos monumentos sânscritos, e principalmente na sua poesia épica e religiosa (11)” muito anterior à nossa era. Nos contos dos Mahayana Sutras e nas histórias do Mahavertu paira o mesmo espírito filosófico e moral que caracteriza o Sadharma Pundarika e o Lalita Vistara. São sempre apólogos morais.

Uma fábula de Hitópadêça para exemplo:


Um cisne procurava para comer, certa noite em que as estrelas, flores do canteiro do céu que os invernos não desfolham, se refletiam no lago translúcido, as flores brancas de kumuda que lhe pareciam as estrelas refletidas, e apenas bicou a água. Sucedeu, porém, que no dia seguinte desabrochou um belo sitôtpala no lago. Mas o cisne disse para consigo: Debalde tentarás enganar-me outra vez, à luz do dia, porque bem vejo que não és mais do que ilusão, miragem… A alma franca, uma vez enganada, jamais crê na franqueza (12).


Através dos 4 000 anos da História da China, milhares de contos tradicionais se perderam, porque, como é natural, só muito tarde foram alguns passados da tradição oral para a linguagem escrita.


Posto que assim antiquíssima, pode dizer-se, porém, que a literatura chinesa começa no IV século (13) antes de Cristo (a.C.) com os Tsés Kong-Fu, Ming, Lao, Li e Yang e os seus célebres textos clássicos. É sob o domínio dos mongóis e talvez sob a influência arábica que aparecem os primeiros escritores de contos e romances; mas, sobre o fundo sólido da educação e culto apaixonado da moral, sobre a cultura filosófica e religiosa – a China é um país de religiões: Confucionismo, Taoismo, Budismo; – mesmo na sua maneira mais pitoresca ou mais estranha, há sempre evidente um requintado espírito de lição dos seus contos tradicionais dispersos por numerosas colectâneas, como as Sing-Che Reng Yenn e Tsinn-Ku Tsri Koann, anónimas; ou reconstituídos pelo tradicionalismo literário inato a todos os letrados chineses de todos os tempos, desde os seiscentistas P’u Sung-ling e Pao-Wung Lao-jen, até aos contemporâneos Ch’u Ta-Kao.


Citemos um pequeno conto tradicional chinês:


Um tal Chao, vendedor de loiça barata de seu ofício, estava um dia, como de costume, sentado à porta da sua pobre olaria maldizendo a sua miserável sorte. Eis senão quando para à sua frente um velho viandante que era nem mais nem menos do que o próprio deus Fó. «Nhi sciuo ti hoá thé tuo – falas demais, disse o deus; que razões de queixa tens do teu destino?» «Ora, que razões tenho! Ser toda a minha vida um mísero vendedor de van é pouco? Os meus vizinhos Li-Chenn e Chuang-I, que são ricos, levam vida regalada com as suas mulheres, e os negócios correm-lhe prósperos. A mim mal me chega para comer. Sempre gostava de saber porque é que foram distribuídos assim os nossos destinos». Então levantou-se no ar um remoinho de vento, e Chao, o descontente, sentiu-se arrebatado nos ares e viu, cheio de terror, que sob os seus pés a terra rebolava como uma laranja. O remoinho colocou-os junto de um grande pórtico, para lá do qual se estendia, a perder de vista, um grande campo coberto por milhões de sacos cheios e atados, pousados de pé, ao lado uns dos outros. «Cada um destes fardos», disse então o deus, «é o fardo de um destino, mais ou menos pesado, consoante os merecimentos de cada qual. Já que não estás satisfeito com o teu, de boa vontade te concedo que escolhas um, a teu bel-prazer, entre todos. «Quero aquele!», exclamou Chao, apontando para o mais bonito e maior que se avistava. E correu a buscá-lo. Mas, quando foi para o carregar às costas, era tão pesado que isso lhe foi de todo impossível. «Pois haverá alguém que tenha de suportar toda a vida com tal carrego?», perguntou. «Esse é o destino do Imperador», informo-o o deus, «e pesa todo o infortúnio do seu povo». Chao escolheu outro, mas ainda pesava bastante. Eram os destinos de Li-Chennn e Chuang-I. Até que descobriu um saquitel, pequeno sim, mas de alegres cores, que devia ser levíssimo, pois não chegava a inclinar as débeis ervas sobre as quais assentava. Radiante, Chao pô-lo às costas, convicto de que, desta vez, encontrara o mais leve dos destinos. Perguntou para si próprio para quem poderia estar destinado aquele deleitoso fardo, quando o deus Fó, que lhe adivinhou o pensamento, lhe disse com o mais cândido dos sorrisos a iluminar-lhe a grande barba branca: «Escolheste bem, Chao, escolheste bem; porque já era esse mesmo o teu destino de vendedor de porcelana…»


Entrecruzam-se finalmente nos contos tradicionais japoneses o instinto religioso da Índia, sobretudo o espírito budista, a serena sabedoria china e a crueldade sorridente e fria do próprio Japão. A trágica austeridade dos contos índios, ao espírito voluptuosamente humano e requintado dos contos árabes e às histórias de fantasmas que vêm trazer aos homens as sentenças de bondade e de sabedoria, opõe-se a artificiosa beleza sempre estranhamente fechada do Japão, em cujo sangue pairam, adoçando-o de inteligência, todas as hereditariedades intelectuais dos filósofos chins.


“Será por causa da sua sentimentalidade de insulares ou em resultado dos longos séculos de isolamento”, diz o depoimento de insuspeito de Tagawa Daikichiró, “mas o que é fora de dúvida é que os japoneses se olham uns para os outros, e para os estrangeiros, como inimigos; e que eles constituem um grupo combativo. Nós demonstramos mais atividade em disputar do que em qualquer outra coisa. Nada me acode dizer contra este nosso espírito de competição. Mas isto acarreta uma certa impetuosidade que é perigosa. Somos um povo excitável e a nossa excitabilidade leva-nos, por vezes, longe demais (14)".


Poucas nações têm, como o Japão, tão bem compilados os seus elementos literários tradicionais. Só Hanawa Hokuchi (1746-1821), cego como o nosso Castilho desde tenra idade, publicou à sua parte 2 820 volumes coligindo antigos documentos literários.



Um pequeno conto tradicional que dá a psicologia do povo japonês:


Tendo-se ordenado que a execução do réu se fizesse no jardim do yashiki, foi este conduzido ao local e obrigado a ajoelhar num recinto cheio de areia e atravessado por uma grande fila de tobi-ishi, ou sejam, marcos divisórios de propriedades. Ataram-lhe os braços às costas, trouxeram vários baldes de água e sacos cheios de calhaus, e com isso entulharam o condenado de modo que lhe fosse impossível mexer-se. Mas, quando o senhor chegou e se deu por satisfeito com os preparativos, o homem começou a gritar: «Honorável senhor: eu não cometi por querer a falta pela qual fui condenado. A culpa é apenas da minha grande estupidez. Ora, como eu nasci estúpido por desígnio do meu Karma, não posso evitar de errar; e matar um homem por ser estúpido é um erro grave que deve ser reparado a tempo. E, tão certo como estou que me ides cortar a cabeça, assim creio que a minha morte será vingada. O ressentimento que provocais trará a vingança. E uma injustiça desencadeará outra injustiça, e um dano outro dano…»


O samurai sabia que, quando se mata alguém no momento em que este se acha possuído dum grande ressentimento, o espírito do justiçado pode facilmente vingar-se do matador. Mas, com muita gentileza e amabilidade, respondeu diplomaticamente: «Dou-te licença que me assustes à vontade. Depois te mataremos. Mas, para nos fazeres acreditar no que dizes, és capaz de nos provar o teu grande ressentimento, apenas te cortem a cabeça?» «Sou», respondeu o condenado. «Muito bem» disse o samurai. «Vou separar-te a cabeça do corpo. Ao pé de ti está um marco. Quando não tiveres a cabeça presa, experimenta morder na pedra, parta eu ver. E, se fores capaz disso, então talvez a gente fique aterrada» … «Pois morderei, morderei, morderei…» Houve um relâmpago, um silvo, um golpe seco, e a cabeça do sentenciado caiu sobre os sacos dos calhaus, rolou lentamente até ao marco e, de repente, deu um pulo e ferrou os dentes na pedra. Ninguém disse palavra, mas todos olhavam espantados para o samurai. Desde então, toda a gente, aterrorizada, esperava a vingança do morto, alguns atreveram-se a alvitrar um sègaki para aplacar aquela alma. Mas o samurai respondeu que era completamente desnecessário, pois o morto nada podia fazer, por uma questão simplicíssima: «Só é perigosa a última vontade de um moribundo; quando o desafiei a morder a pedra para me provar a sua cólera, desviei-o de toda e qualquer vingança, pois, como a sua última intenção foi morder a pedra, já não me pode fazer mais nada. E pronto.»


De modo que não foi o Rei-Édipo, nas areias de Tebas, entre as garras descomunais da mulher-leoa, que matava os maus decifradores de charadas, nem a gnose de Pitágoras de Samos, nem ao depois o racionalismo dos enciclopedistas, antes-pelo-contrário, quem descobriu o enigma do Homem que continua desconhecido, esse desconhecido. Como o mago Khayyam que exaltava a vida em beleza, contentemo-nos com o que em todos estes contos é belo, e perdoemos a todos os homens os seus defeitos. A vida é breve, e a sua filosofia pode guardar-se toda neste belo robai de Omar Ibn Ibrahim: Bahrâm ké gûr miguerefti bé kamand, Didi ké tchégune gûr Bahrâm guerefti? – Bahrâm, o que apanhava poldros a laço, vês tu como o túmulo apanhou Bahrâm?

CELESTINO GOMES


(1) Elle Faure

(2) A. H. A. Al-Massudi – Moruf Al Dahad Oua Djanhar.

(3) M. bem Is'hak Al-Nadim – Kitab Al Fihist.

(4) E. Gomez Carrillo

(5) J. C. Mardrus

(6) Idem

(7) D. S. Margoliouth

(8) Ferdinand Herold

(9) Leis de Manu

(10) L. Leupol – Selectae è sanscriticis scriptoribus pagine

(11) Consulte-se o prefácio de Contos Indianos na Coleção «Contos e novelas» das Ed. Gleba.

(12) Hitôpadêça – perde-se, na tradução, um saboroso duplo sentido: o do kumuda, que é um loto que abre durante a noite, e o do sitôpala, que apenas abre durante o dia.

(13) Consulte-se o prefácio dos Contos Chineses, na coleção «Contos e novelas» das Ed. Gleba. (14) Tagawa Daikichiró

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