1.20.2011

Pelas Cândidas Candidaturas, Lutar, Lutar

MOTE
Da doença em que ardeis
Eu fora vossa mezinha
Só com vós serdes a minha.

VOLTAS

É muito para notar
Cura tão bem acertada,
Que podereis ser curada
Somente com me curar.
Se quereis, Dama, trocar,
Ambos temos a mezinha:
Eu a vossa, e vós a minha.

Olhai que não quer Amor
(Por que fiquemos iguais),
Pois meu ardor não curais,
Que se cure o vosso ardor.
Eu cá sinto vossa dor
E se vós sentis a minha,
Dai e tomai a mezinha.

Luís Vaz de Camões

Andamos mais ou menos todos ao mesmo. Os que estão no poleiro tentam frustrar os outros, aqueles que os querem substituir nesse condomínio (fechado). Então os segundos copiam e imitam os primeiros, o que, indubitavelmente, os torna a todos iguais, pelo que deixa de importar quem sejam os que lá estejam ou os que para lá queiram ir. Incluindo os que se outorgam diferentes, tão diferentes, que até reivindicam serem iguais. Uns mais, claro está, outros menos, escuro fica, se a ONG se arrebita e o orçamento estica.
Mas tinto com branco dá palheto, se a taça se renova em verter inflamações a eito, nas articulações e esqueleto da nação, cujas fundações já gastas e corroídas pelos anos de amargura no vinagre das descobertas, põe o torna-viagem com um pé na chegada, outro na partida, empenando os quereres à rapaziada da galhofa nos banquetes da corte, nas arruadas prò boneco ou no diz-que-disse do bota-abaixo.
Portanto, conforme às peripécias do DNA lusitano, e suas tergiversões adversas, de quem em Alter se põe Real, eis que se uns copiam os demais, é o produto de ambos o que resulta, não a cópia mal-amanhada dos primeiros nos segundos, e vice-versa. É da física. Ou da química. Mas com toda a certeza é, é da matemática. E também da indústria – etílica e do café com leite, onde o galão pontua por meio quartilho. O que não é para descurar e vai da leitaria Garrett ao Cais do Sodré, como reiterava o estribilho da canção.
Principalmente agora, que já ninguém teme o bicho-papão da Guerra Fria, porventura efeitos (indiretos) do aquecimento global e das alterações climáticas, nem uma hipotética implementação do comunismo em Portugal – ai te arrenego: foices canhoto! –, com o sinal da cruz interrogo-me, pergunto-me, acerca de quais serão os benefícios que pode trazer ao país a recandidatura presidencial daquele que sem-dúvida contribuiu para alargar e aprofundar o buraco financeiro do BPN, via SLN e Oliveira e Costa, tendo lucrado com isso à velocidade de 140%, coisa que nem nas SCUTS se vai praticando sem autuação. Sim, que mais-valia reside na recondução ao cargo de pessoas que já provaram desconhecer as consequências das suas “ações” sobretudo desde que com elas aforre dividendos políticos, financeiros ou populistas?
Por outro lado, não basta epitetar de «medíocres» os portugueses que não estão de acordo connosco ou não subscrevem as nossas ideias, para que no momento seguinte fiquem e subscrevam, uma vez que se assim fora ainda não haveria escravos alforriados, considerando que a classificação foi lançada sobre eles com abundância e prodigalidade mal tentaram aprender a ler, sob a desculpa de que queriam louvar o Senhor através dos evangelhos, posto que sendo batizados neles não se podia evitar que também os propalassem semeando a Boa Nova. Isto para não olvidar igualmente aqueles e aquelas que tendo sido profs de profissão desbarataram a fé ao preço da palavra mijona, se encomendaram ao Acaso quando tinham responsabilidades sociais e educativas, hipervalorizando o saber fazer e o saber aprender/ensinar, e subvalorizando as suas componentes basilares que agora tanta falta nos fazem, o saber estar e o saber ser, prevenindo assim para a democratização e para a cidadania, coisas raras enfim, nas novas gerações, essas mesmas onde grassa a violência e a revolta suburbana, esquecendo que também eles seguiram o exemplo de quem os educou, faltando-lhe neste entremez quanto careciam a quem os tutelou, quem definiu e aplicou as diferentes políticas económicas, sociais e educativas que desde, pelo menos, 1987 têm vindo a ser gizadas e executadas por gente igualmente «medíocre», como se de simples planos de lavoura se tratassem. Não é Sr. Professor? Então sim, leva jeito: filho de peixe sabe nadar – Iô!!!!....
Aconselha o povo que é sábio para que não atire pedras ao ar quem tem telhados de vidro, até de telha mourisca que sejam, nos algarves de arribação, que os granitos se vêm das alturas muito pior hão de fazer que os granizos tempestuosos, e a esses não há cultura que resista, folhinha verde que aguente, maçaroca que fique de pé, fruta que não seja tocada. Apodrecida. Ou prestes a isso, que elas [as pedradas] não matam mas moem.
Por mim, tanto se me fazia que os portugueses entrassem num barco sem fundo como os jesuítas do Marquês, acontece todavia, que sou um deles, e daqueles que para uma junta médica me levam agora um quarto de quanto ganho, obrigando-me a poupar 25% da pensão, que é para aprender a respeitar as surpresas, e deixar-me de pensar que quando alguém já está tão abaixo do nível de pobreza nada de pior lhe pode acontecer, pois é mentira, que ainda lhe podem rapar o pouco que tem com uma destas, a dar provas do que é o apregoado Estado Social, esse que é defendido por todos os candidatos e praticado por ninguém. Provavelmente é a ver se uma pessoa desiste… de viver! O que tem lógica, sim senhora, para essa gente que já desistiu da democracia há muito, e a quem normalmente chamam políticos como eufemismo para outras classificações menos politicamente corretas.
Aliás, se averiguarmos quanto às datas e tempos de espera/demora que precederam esta extorsão ao abrigo da lei, poderemos facilmente deduzir que desta vez nem sequer foi a legislação e os legisladores, mas as eleições, e os rostos com nome que estiveram ligados ao processo, pois é preciso muita pontaria na baixeza para (em quatro meses) acertar precisamente na data em que entrariam em vigor as novas normas legais, demonstrando mais uma vez que o problema em Portugal não está nos Papas mas nas papinhas que os papistas vão cozinhando às gentes que não têm outro remédio senão engoli-las – e cara alegre!
Sendo caso este para atualizarmos quanto o Luís Vaz recomendou à Dama de seus ardores, a propósito da dívida, do défice, das dificuldades quotidianas e da crise: “Eu cá sinto vossa dor / E se vós sentis a minha, / Dai e tomai a mezinha .” O que me faz espécie… E como é que o Luís sabia que isso me ia acontecer? Ele há coisas levadas do Camões!

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