1.22.2009

Há Vontades Ciprianas Que Comandam a História

(Colher de chá musical, para pífaro e gaita de beiços, em três andamentos, com naufrágio à vista dos Costas, Sousas, Silvas, Almeidas, Santos, Santinhos, Santanas, Sacanas e demais apelidos da nossa colheita de nomes e sobrenomes para tintos, brancos e palhetos de lei.)

1.
Por não graves e dolosos motivos, Portalegre só é notícia nacional quando neva, ao contrário do PS(D), o grande partido político português (p.p.p.), que o é por tudo e por nada, mas sobretudo por nada, um nada que vem contemplar o país de alto abaixo, de frente como do avesso, em ladeado ou de atravesso, por quatro sensibilidades distintas ou forças de pressão interna – e da direita para a esquerda respectivamente: Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, José Sócrates e Manuel Alegre, embora todas elas sujeitas às pressões dos lobbys configurados pela Grande Ordem das Armas e Barões Lusitanos, pela taprobana dos Jardim, Cavaco, Balsemão, Arnaut, Nova Carbonária, Maçonaria Contemporânea das Novas Fronteiras, SEDES, CAP, AIP, ACP, BCE, Fátima & Policarpo, empresa de pronto-a-pensar para casamentos, funerais e baptizados, com serviço e fabrico próprio de bebidas bentas ou outros jesuísmos de época, diversos grupos económicos da restauração, mercearia e empreitadas públicas, e que dá azo a que se diga entre as esquinas das ruas escusas que é muita capela para tão insigne paróquia (aos quatro ventos erguida). É claro que um país assim só pode andar sempre de calças nas mãos, arreia aqui, arreia ali, principalmente por carambola dos EUA de fraca garantia, pois sinceramente, é difícil reconhecer seriedade a uma Confederação de Estados cujo órgão de soberania maior é o seu presidente, esse mesmo que toma posse jurando sobre a Bíblia, o Livro dos Livros, cuja ética assenta nos Dez Mandamentos da Lei de Deus, precisamente onde estão inscritas as essenciais proibições humanas, como não matarás, não roubarás, etc., mas são omissos quanto à mentira, que seria incontornavelmente aquele que validaria qualquer juramento, porque se jurava em verdade.

2.
Parecem ter havido alguns ruidinhos indignados – do vulgo zunzuns, bruás e burburinhos – à volta do opinioso palimpsesto intitulado Sobre o Estádio no Estado (cf. http://escribalistas.blogspot.com/ ), aliás bem-vindo de qualquer assertivo Benvindo que seja, advindo principalmente de uns quantos e quantas figuras, ou individualidades, acérrimas defensoras das grafias pré-dogmáticas, sócráticas e concordáticas, do período medieval ao pré-acordo ortográfico do após abrilada novembrentina, sobretudo incendiados (e assestados) sobre a nomenclatura oficiosa do ensino oficial, achadamente traduzida pelos politólogos do eduquês, visível e provocadora pela maneira com que terei escrito, passe o soundbyte para (sic), a dado passo nela que os «concelhos directivos nos estabelecimentos de ensino», e não interessa o que se segue, tendo posto um curvo onde seria supostamente correcto estar um s, logo concelho e não conselho, mas acontece que desta vez alguém bateu com os burrinhos na lama, já que está muito bem escrito, não do ponto de vista da ilusão da escrita mas da verdade dela, porquanto está grafado da forma a bater a bota com a perdigota, o signo com o significado, a forma com o conteúdo, considerando que quem tutela os estabelecimentos de ensino público em Portugal, antes tutelados pelos ME ou MEC, segundo o organigrama governamental da altura e conforme as alternativas no PS(D) nacional, que foi o partido que sempre governou o país desde o primeiro dia da Primavera Marcelista, magnificamente legendada nos cartazes turísticos do Sol-Expresso e faenas TV rebelovitorinas das nossas parcas semanadas, mec-ou-mé que delegava o mister nos raposinos CD (Conselhos Directivos) eleitos precisamente para isso, são agora tutelados pelos executivos camarários, através do respectivo pelouro, exactamente desempenhado por pessoas igualmente eleitas para isso, ou seja, por terem sido eleitas governantes dos concelhos (com c e não com s) municipais e que, ao caso, é quem, em funções directas exigíveis pela governância, estará a tutelar, gerir, comandar, dirigir, administrar os estabelecimentos do ensino público, em qualquer local, por mais remoto e escondido que seja, do território nacional. Ora isto faz de uma grafia que está mal uma grafia que está bem, da mesma maneira que faz de uma coisa errada, má, péssima, uma coisa certa, boa, óptima, excelente, o que indubitavelmente não será a primeira e muito menos a última, no panorama cultural, educativo, governativo, legislativo, administrativo e político português, mas antes por tal forma repetido e copiado, que já há quem o proponha como refrão de moda para o hino nacional. Pelo menos. (Lamento...!)

3.
Portugal é um país europeu periférico, espécie de província espanhola com estatuto autonómico especial, governada por um partido único, o PS(D), que, tal como sucede com o ordenamento do território ou regionalização, assenta numa base de quatro pés, ou suportes, cujo fundamento além de o sustentar por alternância interna, no repartir do poder, também parte o partido em quatro, crucificando o povo nele, composto por pessoas sem escrúpulos que sofrem de manifesta dislexia mental, que simultaneamente o sugam e alimentam, instalados de cama e cuia bordada, que tiraram os seus cursinhos (e doutoramentos) na Universidade do Mato Frouxo dos predestinados, para ocupar cargos públicos de relevo e executar funções com forte "impacto" cultural, social e missionário no perímetro institucional da democracia entre parentes – PS(D) –, ou por omissão – PS –, como direcções gerais Disto & Daquilo, secretarias várias, gabinetes do Blá-Blá público, fazenda sortida e Corte & Costura, assessorias diversas, consultorias variadas e planeamento c/ e s/ prazo estipulado, associações subsídio-depedentes e de recreio gerontológico, escolas, tribunais, centros de emprego, hospitais, centros de saúde, bibliotecas, postos de turismo, aquartelamentos de segurança e bivaque, autarquias colaterais e outros danos funestos, além dos restantes cómodos e mordomias ministeriais de responsabilidade cortesã, com quem nós amiúde falamos para tratar Isto & Aquilo, a quem frequentemente nos dirigimos mas de quem nunca recebemos resposta adequada,
a não ser que sejamos personalidades influentes no meio, saibamos tratar dos "assuntos" por baixo dos panos, estejamos declaradamente dispostos a tudo no subentendido atmosférico do caso, tenhamos lobby de respeito (homo homini lupus) a ajeitar-nos a precedência, recebemos invariavelmente não a resposta que a nossa inquisição merece, mas que o funcionário já tem engatilhada para os anteriores similares, digamos preparada ou aviada no pré-definido género para, enfim, concluirmos que a resposta tida não nos serve absolutamente para nada, a não ser para podermos lamentar-nos no café da esquina, onde certamente haverá alguém a quem aconteceu o mesmo, solidário connosco perante a situação e, exactamente por tal, pronto e disposto a contar-nos o seu caso e como "provavelmente" o contornou. E que normalmente encontra desfecho quando, enredados noutro problema, nos manifestamos acerca dele e obtemos (encontramos) não resolução para ele, mas sim para o primeiro a que antes demandámos, tal-qualmente como sucede quando perdemos o norte a qualquer coisa e depois só a achamos se procuramos outra igualmente perdida. E o caso é que essa dislexia mental (só estou bem onde não estou, só faço bem o que não quero fazer, desenhar cães perfeitos quando pretendíamos desenhar cavalos, como acontece nos subúrbios da surrealidade estética), enraizada na tendência observativa dos ideais em vez das realidades factuais, umas religiosas, outras educativas, demais psicológicas e culturais, nos vai roendo dia a dia o intricado labor interpessoal, alimenta o desânimo que, por sua vez, é pródigo na destruição da auto-estima e construtor magnânimo de fracassos, tanto pessoais como colectivos.
Credo quia absurdum (creio porque é absurdo) que esta qualidade de ler (preferir) a metáfora ao metaforizado, de dizer não o dito mas o que é previsto dizer, de amaneirar os factos para não suscitar melindres, nos corre no sangue lusitano como uma alcoolemia crónica, anestesia a reconhecida incapacidade valorativa e formativa, põe pessoas formadas em design ou educação em caixas de supermercado e outras apenas com a escolaridade obrigatória em secretarias, cúpulas públicas e administrativas, chefiando-as até, não destrinçando entre a trafulhice e a política, senão duas maneiras mais de nos darmos bem com o desprezo pelas vidas (e necessidades) alheias, sendo precisamente esse o lado para o qual cada um dorme melhor, como costuma afirmar quem vai ascendendo social ou profissionalmente.
Pior: não só nos negamos a ver e pagar a nossa dívida (histórica) como pretendemos contrair empréstimos, que a avolumam, para quem vier a seguir se veja a braços com ela antes de poder fazer alguma coisa para alterar o status quo, ora vigente, e por conseguinte herdado. Como por exemplo, nas autarquias, onde há, entre elas o município de Portalegre, que em Janeiro de 1984 devia 686 mil €, em 2002 devia 576 mil €, em 2008 devia 17.980.000 € e se prepara mear o ano de 2009 com uma dívida na ordem dos 27.000.000 de €, ainda assim não perca a tradição do apagamento da cidade como capital de distrito, entregando esse grau administrativo a Elvas, onde a dívida é contrabalançada com o consequente acréscimo do PIB e no desenvolvimento regional.

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