6.05.2006

Crónicas (In)divisas
Por Joaquim Castanho
osverdes.ptg@gmail.com





Bandeirinhas e Patriotismos

Ninguém pode pensar de momento uma coisa e imediatamente a seguir dispensá-la. Sobretudo, se estiver no seu perfeito juízo…
Foi notícia recente que 85% dos portugueses estão “nem aí” para Portugal. Estão-se nas tintas prà nacionalidade, borrifam-se valentemente paras as questões lusitanas, acham o linguajar uma chachada e só não se piram daqui porque isso dá um trabalhão do carago, correndo ainda o risco de virem a ser recambiados como sucedeu aos canadianinhos exilados das quinas. Consta que resignaram.
Mais: desconfia-se que todos os que desta percentagem votaram, quer nas legislativas ou autárquicas, como nas presidenciais, não o fizeram naqueles (partidos ou pessoas) que julgavam ser os melhores para nos governarem, que teriam uma resposta para os problemas do país, mas sim nos que consideravam menos bons, quiçá até os piores, uma vez que, como é sabido desde os tempos de pirraça nos infantários da vida, aos nossos inimigos e vizinhos com mania das grandezas tudo quanto acontece de pior, melhor. A perversão perverte; e a democrática igualmente, ou não menos por isso. Há uma enorme diferença entre aplaudir (ou estimular) iniciativas, e obrigar quem as tem a viver com elas. Se possível sem hipótese de arrependimento nem reparo…
Os acordos de confidencialidade, tal como o secretismo, são declaradas manifestações de cumplicidade (intencional ou actuante) criminosa entre poderes ou pessoas, apenas legitimado em perigo de guerra ou segredo nela. Quando se gere a coisa pública e essa gestão se reflecte no nível e qualidade de vida de todos nós, não pode haver secretismo complexado, nem timidez abusiva ou omissões enganosas, acerca da forma como se o faz – a não ser que queiram ludibriar alguém, passar-lhe por cima, espoliá-lo, violentá-lo, rasteirá-lo, usurpá-lo ou simplesmente encavá-lo. A natureza anti-democrática do poder da inconsciência no voto eleitoral (há quem o faça não para escolher melhor para si, mas sim no que não querem de bom para os demais), é disso um exemplo inconfundível; não obstante ela ainda não conceder aos eleitos o direito ao acordo e associação criminosas que se supõe estar na base e essência dessa tão querida e honrada, quanto almejada e respeitada, confidencialidade mafiosa de seita financeira, de adoração cega. As ondas de apoio e os cheques em branco a favor desta ou daquela causa, que ainda não demonstrou a sua valentia nem validade, qualquer resultado prático derivado das suas boas intenções, também. Nenhum desportista desempenha melhor a sua modalidade porque alguém lhe está a gritar histericamente o nome, nem há qualquer equipa quer se deixe intimidar pelos urros da bancada dos adeptos adversários. Já não há ninguém no mundo tão parvo que acredite nisso, que é básico e ilustrativo do tempo em que ainda se acreditava que eram as cegonhas que traziam os bebés. As crianças fracas de tino e falhas de vontade é que precisam de ser incentivadas para que façam alguma coisa de jeito, não os profissionais adultos e principescamente remunerados. A manobra é outra e pica mais fundo…
Os gangs tribais e seitas assassinas ou maçónicas têm em grande linha de conta o silêncio cúmplice ou a gritaria do batalhão belicista: eu, não. Inclusive no negócio, de quem se diz ser a alma, só se for penada ou para depenar a outra parte. Porque sacanagem pura é quanto eles sem dúvida são. E se não fossem as instituições/organizações europeias, nós nunca saberíamos a verdade (embora restrita) acerca do estado do país. Se não fossem os relatórios da OCDE, FMI, UNESCO, eurostat, Comissão Europeia, etc., etc., jamais seríamos informados da dura realidade, ou dos resultados dos inquéritos sobre a qualidade e nível de vida dos portugueses, desde que estes não interessassem à propaganda governamental ou não fossem favoráveis a alguns dos poderes vigentes ou de soberania. Sobretudo quando apenas fossemos os primeiros no que há de pior e os penúltimos no que é sintomático de agravamento das crises, como o que informou o Eurobarómetro, confirmando aquilo que já desconfiávamos há muito: que na Europa somos os mais caloteiros, incivilizados, antipáticos, incultos e ignorantes. Que estamos à frente na dificuldade de pagar as contas, penúltimos na leitura de revistas e livros das línguas europeias, em quinto a contar do fim nas visitas aos outros países parceiros, e isto porque quando vamos a Espanha meter gasolina também conta, e segundos nos que menos socializam com os demais povos. Ou seja, que continuamos a ser os mesmos animaizinhos do tempo de Viriato, não obstante termos um Figo, muitos carros topo de gama, dois telemóveis por pessoa e o licenciamento de CO2 esgotado. E já agora, porque não gritam também que batemos em crianças deficientes como bons pais de família? Vá: arrefinfem-lhe… Vá!!!...

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