4.30.2005

The Lefthanded Woman

Ela saiu com outras de uma boca de metro
Comeu de pé com outras num snack-bar
Ficou com outras sentada numa lavandaria
Mas vi-a uma vez sozinha em frente ao quiosque dos jornais.

Ela saiu com outras de um escritório ou escola privada
E no meio de outros a vi carregada de sacos de plásticos num domingo
À tarde vinda do hipermercado ou sentada na esplanada do Parque
Como entre as demais assistindo no polivalente a um jogo de andebol.

Só que também a vi uma vez através da janela a jogar xadrez sozinha
E a ler deitada na relva do jardim mordiscando bolachas de água e sal.

Sei que sabe rir-se a propósito no cinema e café, ou mesmo sorrir de coquete
Quando os taxistas metem conversa mole e ser simpática pràs senhoras
Dos cães balofos que lambem o resto dos pacotes de açúcar das donas.
Que dançou e gargalhou na casa de espelhos côncavos e convexos da feira
E até gritou possessa na montanha mágica, os cabelos arrepelados para trás
As mãos aperradas no tubo metálico da trancada segurança – sei e soube, sim.

Mas depois de saber isso voltei a vê-la sozinha, embora que nos meus sonhos
E hoje deixei a minha casa aberta. Também esqueci o telefone fora do descanso
Ou se não está e toca atendo ao contrário e falo para o auscultador, às avessas
O lápis à esquerda do caderno mesmo ao pé da chávena de chá com duas asas
E muito próximo uma maçã com a casca tirada em volta (mas não até ao fim…)
As cortinas levantadas só do lado esquerdo, a chave da porta no bolso sempre
Do mesmo lado, a tilintar esquerdamente, a bater quando o tacão pisa o asfalto.

Pensei que isso fosse um sinal teu, uma espécie de notícia da região estranha
Ou então que acabaria por reconhecer que tal era natural numa canhota.
Supus naturalidade ainda que me surpreendesse cada vez que te via sozinha
Como se constatasse que qualquer coisa parecia errado nesse quadro
Que havia ali um anacronismo irreparável, entontecedor, rodopiante, vertiginoso.

Finalmente, quando já não sabia onde ela acaba e tu começavas, ponto confuso
De porto sem abrigo, nem onde tu feneces e ela estremece, cruzada aberta
De gume solto, peguei na faca pelo corte e apertei para lembrar-me de algo
Assim firme e único e aglutinante e assombroso como o conselho que te dei:
“Essa coisa canhota de ver o mundo às avessas, ainda nos traz complicações…”
E trouxe. Muitas. Agora, vê tu, sou eu quem me vejo sozinho onde tu passavas!

GAVETA IN CÓMODA

Guardo-me na saudade de ti
E fecho-me como um livro aberto
Que o amor, mesmo hoje é aqui
Teu rosto num beijo certo...
O melhor sonho que acordado vivi
Na distância do desejo tão perto!



VIII ANTOLOGIA DO CÍRCULO NACIONAL D'ARTE E POESIA
Edição 2005
Capa mole, 144 págs.


Com lançamento previsto para o dia 6 de Abril, às 18 horas, na Sociedade de Língua Portuguesa, que terá contudo a sua apresentação pública para o Alentejo, em Arronches, durante a Feira de Artesanato e Gastronomia desta localidade, a VIII Antologia do Círculo Nacional d'Arte e Poesia, com coordenação e prefácio de Maria Olívia Diniz Sampaio, tem representados vários poetas alentejanos, de entre os quais podemos salientar os portalegrenses Daniela Alice Proença Lopes, Joaquina Alegria e Joaquina da Conceição Martins Semedo (Urra), José Garção Ribeiro Branquinho (Ribeira de Nisa) e Maria Isabel Realinho Corte Real, mais conhecida pelo pseudónimo Marisa, embora sejam igualmente dignas de destaque as participações dos demais poetas do nosso distrito tal como Catarina Malanho Semedo (Fronteira), Dora Morgado (Assumar), Emílio Moitas (Mosteiros/Arronches), Francisco Carita Mata e Teresa Ferreira Belo (Aldeia da Mata), Francisco Manuel Matos Serra (Monforte), João Metelo Grazina - ou Poeta Jodro - (Alterdo Chão), José António das Dores Botelheiro (Porto da Espada/Marvão), Maria de Lurdes Almeida (Campo Maior) e Natália Parelho Fernandes (Torre das Vargens). E de salientar, não somente por serem gente da nossa gente, mas também pela elevada qualidade, dentro da excelsa e simples beleza desta antologia, com que divulgam o pensamento e as temáticas das nossas comuns inquietações existenciais. Porque, essencialmente, como aliás é afirmado por Joaquina Alegria numa das suas quadras de índole popular, o pensar é um sentir que nos ata à comunidade em que nos inserimos, pois igualmente "Comigo acontece assim / Mas não me afecta a razão / O que penso para mim / Logo gravo no coração".
A mancha gráfica e montagem foram da responsabilidade da Gráfica Guedelha, empresa sediada nesta cidade, e a capa de Lúcia Lupenny, com desenhos de Chagas Ramos e Eduarda Ribeiro, enquanto contributos para uma notória mais valia, de um livro que regista e subscreve o pulsar das letras lusófonas.



Mousinho de Albuquerque
António Ventura

Editora Planeta DeAgostini
Col. Grandes Protagonistas da História de Portugal
Capa dura,192 páginas, em papel reciclado

Eis um livro reconfortante!
Embora seja indiscutível que aqueles que melhor compreendem o mundo mais chances têm de nele sobreviver, ou que se Deus escreve direito por linhas tortas na política e na justiça se costuma escrever torto por alíneas do direito, como da glória à ingratidão vai um passo de anão, este livro de António Ventura, autor portalegrense director da memorável revista A CIDADE, licenciado em História (1984), Mestre em História Contemporânea (1988), Doutor em Letras (História Contemporânea) pela Universidade de Lisboa, Professor do Departamento de História da Faculdade de Letras de Lisboa e Equiparado a Professor Coordenador da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre, colaborador das revistas Clio e História, mas que outrora também foi docente das Escolas Mouzinho da Silveira e São Lourenço, em Portalegre, como da Escola Preparatória de Arronches, que esteve ligado às exposições "comemorativa do centenário do nascimento de Emílio Costa" (1977), "Portalegre - Homens e Livros" (1980), "Retrospectiva da Imprensa de Portalegre" (1981) e "Portalegre no Século XVIII" (1983), colaborador da imprensa regional, nomeadamente da A Rabeca, Fonte Nova, O Distrito de Portalegre, Notícias de Elvas, Diário do Alentejo, ou ainda da nacional, em títulos sobejamente conhecidos como Seara Nova, Diário Popular, O Ponto, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, etc., vem confirmar a clareza, rigor, correcção e harmonia discursiva a que nos habituara desde o primeiro livro publicado em 1976, intitulado Bento Gonçalves, Escritos (1927-30), e profusamente disseminado pelos demais do género (v.g. D. Francisco Bravo / Bispo de Portalegre, Edições "O Semeador", em 1981; José Frederico Laranjo, ed. Assembleia Distrital de Portalegre - 1984; Eusébio Leão, ed. Câmara Municipal de Gavião - 1991; Teófilo Junior, ed. Câmara Municipal de Arronches - 1991; Joaquim Vermelho, ed. Câmara Municipal de Estremoz / Edições Colibri - 2003; Feliciano Falcão, ed. Câmara Municipal de Portalegre / Edições Colibri - 2003), além de contar-nos a História de Portugal através da caracterização e biografia dos seus intérpretes, à semelhança do efectuado por outro nome da nossa portugalidade, igualmente exímio no retratar e recriação contemporânea embora que menos austero e disciplinado na narrativa: Oliveira Martins - acerca do qual, Moniz Barreto terá afirmado que "retrata tão bem o fundador do jesuitismo, como o filho da lavadeira". Aliás, garantindo mais: que embora sendo nos retratos que ele triunfa, como se podem ver dependurados em todos os cantos da sua obra, vastos como quadros ou concisos como medalhas, "se ordenasse e concentrasse, o efeito seria fulminante e a crítica batida recuaria até à admiração".
Descodificar os compostos sociais através do desenho dos caracteres, cenários interiores, naturais, políticos e conjunturais, acções, sentimentos e valores que alinhavaram a "alma" das individualidades históricas, ou daqueles que tornaram o momento que viviam num impulso determinante para a bandeirada do futuro dos seus compatriotas, é uma tarefa assaz difícil, para a qual a prática e pesquisa de inúmeros anos muito pouco pode ajudar se se não estiver também apetrechado duma grande flexibilidade vocabular e excelsa empatia, porquanto cada um desses protagonistas além de ser caso único é igualmente meritório de tratamento especial. E Mousinho de Albuquerque, o herói de Chaimite, que subjugou os Vátuas, primeiro aprisionando o rebelde e insubmisso régulo Gungunhanha e depois matando o seu seguidor Maguiguana, cuja saga das campanhas moçambicanas culmina em gloriosa apoteose de reconhecimento e prestígio quer do povo português, como dos seus governantes ou dos seus similares europeus, no que é utilizado diplomaticamente para sanar algumas quezílias com países igualmente interessados em África (França, Grã-Bretanha, Alemanha, Prússia), mas cuja influência não foi suficiente para aplacar a mediocridade política do corporativismo partidário português que o levou ao suicídio, após o ter desmoralizado perante o povo como aos olhos dos seus soberanos, posto que sendo aio do príncipe Filipe é-lhe aviltado um affaire com a rainha D. Amélia, está nessa linha de personalidades a quem as dificuldades de caracterização apenas são desafiadoras para os que, como o autor deste livro, não temem enveredar numa actuação que ultrapassa a mera produção livresca, atinge as raízes sociais da cultura, se escora numa necessidade de investigar nascida da acção concreta e da capacidade de intervenção sobre a realidade cultural envolvente, ou de quem já era historiador ainda antes de cursar História, como o espelhou José Martins dos Santos Conde, em 1985, num artigo tornado público pelo então semanário Fonte Nova.
E reconfortante por três motivos: primeiro, porque é imprescindível que se reconheça como obras desta qualidade nada ganham em ser impressas noutros países da CE, ao caso em Espanha onde este o foi (Rotapapel, S.L., Móstoles - Madrid), visto que o aprimorar dos acabamentos, mais precisamente da justificação do texto, lhes acrescenta alguns busilis desnecessários na divisão silábica, que as entorpecem e levam o leitor a trepidar, perante os quais os autores, além de alheios, são manifesta, por mor da distância, e absolutamente impotentes. Segundo, porque nele se demonstra que o génio e instinto, formação e ética, raramente são suficientes para romper a teia dos corruptos e maldizentes ao abrigo da lei, das panelinhas do poder, dos tições económicos incendiados com que os empestados emocionais da percepção motivada tentam fustigar e destruir a dignidade, a moral e os feitos dos homens de bem, os autênticos e solitários que não temem dizer que um boi é um boi, quando de algum boi em realidade se trata, nem de uma rã que rã é, quando outra coisa não se avizinha que seja; como não bastaram a Mousinho de Albuquerque que condenado ao suicídio lhe sucumbiu, não obstante ter vencido demais perigos e guerras esforçadas, embora dos arregimentados causadores da sua desgraça a História não registe outro epitáfio além das datas de nascimento e morte, perdidas em qualquer livro de registos apodrecido sob o musgo dos tempos. E em terceiro lugar, porque permite que os homens de boa fé de outras épocas reproduzam e aprendam com o exemplo daqueles que por obras valorosas se foram da lei da morte libertando, bem como fazer alinhar um português - o seu autor -,na senda das grandes editoras europeias, mas não só português, como igualmente alentejano, e acima de tudo portalegrense. O que, portanto, no mínimo é consolador para todos quantos ainda não perderam a esperança de inscrever o Alentejo nas rotas da cidadania, e no-lo impõe não só na estante como também na linha da frente das prioridades de leitura!...


FESTA DOS AVENTAIS
(UMA TRADIÇÃO EXTINTA)

Festa de arreigado espírito democrata e bairrista, com o fito de se passar um alegre dia sob as frondes das árvores das redondeza de Portalegre, sem espírito de classe nem preocupações de estirpe, sem ódios de seita nem divisões por princípios ideológicos ou confessionais, cujos fundamentos elementares residiam na confraternização entre "lagóias", ao ar livre, na Quinta-Feira de Ascensão, Dia da Espiga, teve a sua primeira edição em 9 e Maio de 1907, embora que ainda sem a típica denominação de Festa dos Aventais, nem o concurso das intituladas vestes, o que só viria a acontecer mais tarde, na Fonte Fria, em 16 de Maio de 1912, sob os auspícios dos carolas da "Merenda", que aí se organizaram então como Comissão de Festas (composta por José António Dias, João Baptista Caldeira, João Marcelino Barata, João António Bugalho e Silvestre de Sousa - regente da Banda dos Bombeiros), que se compromete e responsabiliza pela sua realização no ano seguinte. O nome derivou-lhe, segundo informação prestada pelos cronistas locais, do facto de todas as donas de casa, na altura de servirem o repasto aos seus familiares, terem posto este resguardo, na tentativa de evitarem sujar as vestes domingueiras que envergavam.
Tendo sido celebrada inicialmente em díspares locais, começando na Portagem (Marvão) aonde os comensais se dirigiam em carroças, coches, caleches e a pé, passou seguidamente por lugares e quintas como o Souto dos Apóstolos, Monte da Penha (Pedra Alçada), Quinta de Campos, Souto da Serra, Queijarinha, Fonte dos Amores, Cova do Saibro, etc., é todavia em 1913 que, na Quinta Branca, propriedade do Sr. Brito Elisário, conhece o primeiro concurso, tendo-se atribuído três prémios para os aventais mais interessantes que as romeiras merendadoras ostentassem, situação que se veio a repetir nos anos transactos, dando o mote ao que mais tarde se transformou num concurso para costureiras, bordadoras e rendeiras da cidade, instituindo-se para tal um regulamento específico de admissão, conforme consta da documentação divulgada pelo órgão de comunicação patrocinador da festa, o jornal A Rabeca, em 1941, consequência directa do clima de coacção das liberdades e intenção regulamentadora do regime alicerçado ao Estado Novo, bem como fixando-a na Quinta da Saúde, onde se viria a realizar com a frequência conhecida até ao ano da sua extinção: 2000.
Embora atravessando crises e roturas várias, resultantes de conjunturas político-económicas desfavoráveis, como sucedeu nos anos de guerra (1916 e 1917, na I Guerra Mundial; ou 1946, pela II Guerra Mundial), em que se não realizou, conseguiu vingar e afirmar-se na década de 50, nos finais da qual alargou bastante o seu raio de envolvimento, chegando a ser destino de excursionistas do Barreiro (os grupos “Os Alegres” e “Os Mexicanos”, p.e.), Borba, Elvas, Évora, Estremoz, Batalha e Monforte, renovando-se em tradição, acrescentando ao concurso dos aventais outro de balões, que transformou o costumado desfile em marcha luminosa, adquirindo a Festa dos Aventais um cunho de jocosidade cuja peculiaridade a tornou preferida nos roteiros dos forasteiros e motivo de visitação dos portalegrenses radicados noutras terras, que aproveitavam a data do evento para rever familiares, amigos e conhecidos de infância.
Após os três anos de arranque teve sempre a comunhão participativa ou colaboração de algumas forças vivas da cultura regional, laica, popular e republicana, e desde 1910 contou a Festa dos Aventais com inúmeras presenças da Banda dos Bombeiros (1910-1928), Banda da Infantaria 22 (1913), da Banda Popular (1929-1937), acompanhada em 1932 pela Banda União Artística (de Castelo de Vide) e em 1935 pela Banda Euterpe, que a partir de 1938 assume as honras musicais da função, ainda que com auxílio de outras corporações musicais, como a Tuna Fraternal (1939 e 1969), Clarins dos Bombeiros Voluntários (1939 e 1940), a Enrascadafóna (1944), a Banda de Castelo de Vide e a Banda da Legião Portuguesa (1946), o Jazz Ideal (1959), Os Mexicanos (do Barreiro, em 1960 e 1962), a Orquestra Ferrugem e o Rancho da Casa do Povo de Cano (1964), Conjunto Holiday (do Barreiro, em 1965), a Banda Municipal de Nisa (1985), Conjunto D. João III (1972), a Banda da Sociedade Filarmónica de Alegrete (1971 e 1978), a Banda da Sociedade Recreativa de Veiros (1975) e a Banda Juvenil da Sociedade Filarmónica de Tolosa, em 1982, data a partir da qual a Banda Euterpe é quase exclusiva no desempenho, o que não obstante foi insuficiente para garantir a sua continuidade, pois extingue-se à boca do novo milénio, por carência de apoios públicos e falência do modelo praticado.
Ângelo Monteiro, autor do opúsculo de recordação e comemorativo das suas bodas de ouro, em 30.05.1957, além de apresentar nele a Marcha da Festa dos Aventais, com música de José Portalete e letra de Lavadinho Mourato, reporta também que terá sido D. Guilhermina Martins Barata a manufactora da Bandeira, tendo-a oferecido à congregação, que a estreia em 1922, na Quinta de Campos; que em 1927 é realizada pela primeira vez na Quinta da Saúde, propriedade do Comendador João Carvalho Serra e filhos; e que em 1931, quando da inauguração e baptizo da Fonte dos Amores, se ouve em primeiríssima mão o Hino, ofertado e composto por Belmiro de Almeida, numa exímia execução da Banda Euterpe, sob a regência de Luís Pathé, conforme complementa a informação Manuel Frutuoso, actual detentor do espólio da Comissão da Festa, que mais adianta ser "difícil que se venha a concretizar novamente nos próximos tempos, visto serem de pouca expressividade e quase sonegados a base principal, os apoios financeiros da Câmara Municipal, Governo Civil e Região de Turismo, bem como o manifesto desinteresse da população e a falta de um espaço de realização, uma vez que a Quinta da Saúde, concessão da Orbitur, não a disponibiliza ou lhe cede o acesso e uso para a sua real efectivação".
Todavia, já em 1987, José Martins dos Santos Conde, em edição da Escola Secundária de S. Lourenço, de Portalegre, numa perspectiva de celebração do octogésimo aniversário do evento, sob o patrocínio e dinamização do presidente do Conselho Directivo de então, Dr. Adriano Capote, alertava para o facto de que esta festa tinha de "iniciar um novo ciclo da sua existência, regressando à sua tradução mais genuína de convívio social e expressão de cultura", porquanto teria de voltar "a ser uma festa de todo o povo de Portalegre e tornar-se imã de atracção para os povos das redondezas" se não se queria que caísse de vez no esquecimento e desinteresse das gentes portalegrenses.
Com efeito, além de se fundamentar na necessidade de tornar actuante um cartaz popular que congregue em torno de si todas as forças vivas da cultura do nordeste alentejano, que visa igualmente reerguer o espírito de fraterno convívio entre conterrâneos, quer residentes como dispersos por demais regiões nacionais, na tentativa de manter acesa a marcha luminosa e festiva do desenvolvimento e progresso do nosso concelho, quiçá instituindo um novo élan de atracção no panorama cultural e turístico da região, aproveitando uma figura tão inédita quão original da nossa tradição, mas não menos importante e susceptível de interesse que as festas da Castanha (em Marvão), dos Tabuleiros (em Tomar), do Cavalo (na Golegã), do Povo (em Campo Maior), por exemplo, considera-se, e é vox populi, que esta fosse retomada como em transactos anos, embora que redimensionada, integrada na cidade e em celebração da mesma, agremiando em torno de si as demais associações e forças vivas da cultura portalegrense, revitalizada, aumentada no número de actividades, incluindo as desportivas que já nela tiveram lugar (corridas de sacos, atletismo, gincana de bicicletas, jogos da malha e chinquilho, torneios de cartas, tiro ao alvo) como outras novas (provas de BTT, desportos "radicais", e torneios de andebol, voleibol, basquete, etc.), divulgação nacional em termos actuais e de acordo com as novas tecnologias da informação, à semelhança do que tem vindo a ser praticado para outros eventos portalegrense de muito menos importância na identidade local e regional, dos costumes, tradições e cultura, onde se gastam rios de dinheiro simplesmente na promoção individual deste ou daquele político autárquico. E isto, se não quisermos perder definitivamente uma figura de cartaz que desde algum tempo já vem sendo aproveitada por outras terras tradicionais (e estrangeiras) como sucede na Figueira da Foz, Góis (no Brasil), ou em diversas localidades holandesas e alemãs. Pois.

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