BEIJO AZUL
Proponho-me uma voz no azul corrente
E desço pelo estuário adiante
Como se ouvisse um rio com voz de gente
Espécie única, murmúrio constante.
E deslasso nós, decifro luz fulgente
À espera do ocaso, rubro diamante
Que feche a porta ao dia, e sutilmente
Afie a adaga da lua crescente, navegante.
O sonho é isso; proposta duvidosa
Convite, verbos secretos, calados
Afoito discorrer líquido da prosa
Que desagua no oceano do desejo
A balançar sobre os oito rodados
Que marcam rum’ao autocarro do beijo…
Joaquim Maria Castanho
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