6.24.2021

ELINA GUIMARÃES: Uma Feminista Portuguesa, Vida e Obra (1904/1991)

 

A atenção aos demais não é favor que lhe fazemos: é uma obrigação que lhe devemos. Quem lê sabe isso desde os primeiros livrinhos de estórias. Na pior das hipóteses, ou porque leram distraídos e sem a concentração suficiente, se não o registou na memória com as primeiras narrativas, memorizo-o com as segundas. Se não o fez também nessas, é porque é mais um leitor ou leitora rã. Quer dizer, mergulha [no oceano do texto e da leitura] mas não se molha, pois a sua carapaça caraterial não deixa repassar nada. E são dignos de dó, dignas de compaixão…

Portanto, para as pessoas que não têm medo de molhar as asinhas da ingenuidade, proponho uma visitinha ao interior do livro ELINA GUIMARÃES: Uma Feminista Portuguesa, vida e obra (1904\1991); para as restantes, não proponho absolutamente nada, que “quem morre porque quer, não se lhe reza por alma”, como costuma dizer o nosso povo, considerando que se às vezes é rude e áspero, é por saber que lhe andam a querer fazer o ninho detrás da orelha com espíritos santos mal benzidos.

Livro, e personalidade, a propósito da qual Madalena Barbosa, no Prefácio em boa hora afirmou “Com as devidas ressalvas, tal como Sofia de Mello Breyner escreveu no seu poema Catarina Eufémia, são estas as mais belas palavras para uma mulher que soube fazer frente:


O primeiro tema da reflexão grega é a justiça

E eu penso que nesse instante em que ficaste exposta

Estavas grávida porém não recuaste

Porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti

E não ficaste em casa a cozinhar intrigas

Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres

E não usaste de manobra ou de calúnia

E não serviste apenas para chorar os mortos


Tinha chegado o temporal

Em que era preciso que alguém não recuasse

E a terra bebeu um sangue duas vezes puro


Porque eras a mulher e não somente a fêmea

Eras a inocência frontal que não recua

Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro

no instante em que morreste

E a busca da justiça continua


Lutou com armas que sempre serão eficazes, o pensamento e a escrita, e por isso lhe rendemos homenagem e queremos perpetuar a sua memória.”

Sem comentários:

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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