10.31.2015

AS HORAS DE IRAZ




AS HORAS DE IRAZ
L. Sprague de Camp
Trad. de Eurico da Fonseca

INTRODUÇÃO 

Que significam as iniciais "S. F."? Para os cultores tradicionais da Ficção Científica só há uma interpretação possível: "Science-Fiction" – um género literário em que não existem limites no tempo e no espaço. Tradicionalmente, também a S. F. deve produzir uma explicação científica – ou aparentemente científica – das coisas e dos factos que nela se descrevem ou sugerem. Mas o que é a ciência? Como prever o desenvolvimento científico? 
«Há mais coisas no céu e na terra do que imaginamos» – disse Shakespeare. Limitar a Ficção Científica ao campo da "ciência oficial" não é um processo lógico. Bem pelo contrário. Como poderia um homem do século XVI – mesmo um cientista do século XVI, mesmo um génio como Leonardo da Vinci – prever o aparecimento da fotografia, do cinema, do telefone, da rádio, da televisão, [do computador], uma vez que a ciência de então era fundamentalmente mecanicista, identificando a química com a magia e considerando a eletricidade com um fenómeno curioso, apenas curioso? 
Poderá amanhã a magia integrar-se na ciência? Poderá o domínio das coisas da natureza (e o seu conhecimento) seguir caminhos absolutamente diferentes dos que hoje são tidos por lógicos? Essa é a interrogação a que pretende responder a nova S. F. – a Speculative-Fiction. Alguns dirão que ela se situa muito perto da fantasia. Mas a distinção é fácil. Os contos de fadas distraem e encantam. Não encerram mensagens. 
Depois das obras de Bradbury – que são pura ficção especulativa e que ninguém confundirá com a simples fantasia – a Coleção Argonauta tem publicado outras, que bem ilustram os novos rumos da S.F.: a curiosa e simbólica Estrada da Glória, de Robert Heinlein; a célebre Agência de Mágicos (Magc, Inc.) do mesmo autor (volume em que se inclui o texto fundamental: Waldo). Agora tem-se As Horas de Iraz, obra magnífica de um magnífico autor: L. Sprague de Camp. A ironia e o simbolismo juntam-se a cada passo de uma narrativa que decorre no mundo onde as nossas almas teriam existido, antes de descerem ao mundo mecânico em que vivemos. Mas a análise crítica de Sprague de Camp une esses dois mundos, nos seus defeitos e nas suas qualidades.    

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