IDENTIFICAÇÃO
E CIDADANIA ATIVA
A CARTA DE VENEZA (1964), que baseou
(ou originou) o conceito de património ambiental urbano, é o documento que
fundamenta a preservação das áreas de ambiência nas quais as pessoas e os bens,
as espécies e a biodiversidade, estabelecem relações de confluência de interesses
(em mutualismo, parasitismo ou simbiose), pelo que a ideia de ambiente não
poderá nunca significar somente coisa
ou lugar, mas antes relação (do latim amb + ire, que quer
dizer exatamente junto ir ou ir junto), sugerindo-nos assim que,
muito mais importante do que sermos ou reivindicarmo-nos como cidadãos e
cidadãs, é que o façamos de uma forma consequente, ativa, responsável,
democrática, positiva, emancipada e consciente, alheia aos criancismos egoístas
e indiferenças imaturas que caraterizam o provincianismo bacoco e mediavalesco
vigente em certas cidades interiores.
Há pessoas que vivem para enjavardar.
Para enjavardar os demais atirando-lhe para cima todos os preconceitos e taras
que conhecem. Para se enjavardar a si mesmas com substâncias, ideias
desesperadas e intenções perversas, ou estados de ânimo deploráveis. Para
enjavardar o ambiente, a fim de fazerem dele uma extensão paradisíaca de si e
área ideal ao seu modus vivendi. E
até acham que quem não segue os seus padrões e conduta, não é moderno, não está
na moda nem é civilizado...
Porém, sujar o património, destruir os
equipamentos sociais, o edificado histórico ou as infraestruturas ambientais,
não é estar na moda nem ser moderno, e muito menos ser civilizado – é ser
ignorante, associal e psicopata. E inadaptado ou inadaptada. É negar o ir junto e preferir o ficar só, o que, considerando a atual
tábua de liberdades, direitos e garantias, se não pode negar a ninguém, e nos
obriga a expulsar essas pessoas do convívio com as demais, isolando-as em
prisões ou enviando-as para meios selvagens incivilizados onde nem os primatas
habitem.
Então, por que não o fazemos? Porque
nos achamos iguais a eles e elas? Hum!...
Joaquim Castanho
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