CERTIDÃO DE
ENAMORAMENTO
Deve haver uma lenda, um fado, um mito
Onde esteja o nosso destino traçado:
É que ao olhar-te, ao ver-te, acredito
Que temos o futuro escrito
No mais íntimo esperado.
Continuo, depois destes anos todos
Como desde a Escola me acontecia,
A perder os sentidos, a sensatez, os modos
Mal te vejo, como vendo-te, fatalmente em ti me perdia.
Perdia a noção do real, e da fantasia;
Perdia o pé, o equilíbrio, a certeza do gesto;
Perdia a luz, tanto a da noite como a do dia,
Enfim, então tudo perdia, só não perdia tudo o resto.
E não perdia este prazer que tenho de sonhar
Tudo, tudo trocar, nada sentir como meu
Exceto o secreto pressentir que é o teu olhar
O selo, o anel real, aquele que valida (a realidade)
E dá garantia de verdade – e vida
A todo o universo: terra, mar, sangue e céu!
Daí que quando assim, nada deseje então
Senão o que há em mim
Quando te nomeio dentro do mito,
Que me arrebata e penetra como grito
Do sonho nascido por ter-te no coração,
Tão dentro, que te vejo no brilho expedito
E no luminoso céu em que acredito
Estejas cintilando estrela sim
Estrela sim, estrela sim
Estrela sim, estrela sim...
– E porque não?!?...
Joaquim Castanho
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