“Quando te
escrevo o nome no recheio das horas mastigo os minutos com redobrado prazer,
lenta e demoradamente, saboreando a liquidez analógica do tempo como um néctar
de excelência. E defino-te sempre com a
alma cheia de nós ainda mal despertados, os corpos por desenrolar do enleado da
noite, sílaba a sílaba e poro a poro, na sofreguidão desacautelada da mútua
dádiva/entrega que nos tornou irrefutáveis.
Foi o nosso naufrágio incontinente.
Agora, se
houvesse como dizer-to, a eternidade seria apenas o dia seguinte. Assim,
escrevo-to, e ela é sempre a mesma noite, embora repetida dia após dia sem
cessar, confluindo inequívoca para cada segundo de ti.”
In JOAQUIM
CASTANHO, Dizer A Eternidade
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