3.24.2010


Do Estado (e) da Alma Lusa


Entre gregos e troianos venha o maluco e escolha. Já não há realidade, mas apenas literatura anexa, quer dizer, posologia farmacológica que acompanha os prozacs desta vida.
Um em cada cinco portugueses não bate bem da bola e, deve ser a isso que se deve a forte concentração e elevado número de votos obtidos pelos partidos do centralão, nas últimas eleições legislativas como nas autárquicas: aqueles que já não querem saber da vida para nada, não optaram por projectos mas votaram contra aqueles que os têm e protagonizam, que preferem ser solução a mais uma forma de agravar os problemas, nomeadamente o da insustentabilidade sócio-económica, e não farão nunca parte das forças de reparação sistemática que estragam, incendeiam as hostes, semeiam o descrédito e o caos, para depois poderem daí retirar proventos financeiros e políticos. Todavia, de acordo com a minha constatação diária, a minha observação quotidiana e experiência de convívio com os conterrâneos patrióticos, que fazem batota em tudo, desde as estatísticas às contabilidades públicas ou autárquicas, desde eleições ao desporto, desde a manipulação da justiça ao tráfico de influências e à corrupção (generalizada), também estes números devem estar "fal$ificados" e amaneirados jesuiticamente, porquanto dos locais que frequento a proporção parece não condizer, uma vez que, sobretudo nas zonas mais burguesas, as pessoas que lá encontro, nos cafés, espaços públicos e lugares de afluência predominantemente adulta, é certo e garantido, que pelo menos metade não junta o gado todo, numa proporção de duas pessoas e meia em cada cinco, ou três em seis, que vem a dar sensivelmente a mesma coisa, e muitos daqueles em que não recai a mácula observável a olhos nus, o mais provável é andarem eficazmente medicados.
E ainda, se descontarmos aos que sobram dentro do prazo de validade (sanidade) mental, os fanáticos religiosos e do futebol, os exaustos e narcísicos sem fundamento ou suporte (autoconvencidos), então é que o caldo entorna mesmo, e constatamos, ao contrário, do relatório/estudo recentemente divulgado, que por cada cinco portugueses desaparafusados só haverá sem a rosca remoída, um a acertar o passo com a normalidade, reconhecendo finalmente que o Obélix e Astérix tinham razão, quando afirmavam, enquanto lhe untavam as molas que «estes romanos, estão loucos!», quiçá dirigindo-se especificamente a nós, embora usando um tropismo literário (sinédoque ou metonímia?), exaltando a sua natureza (hipérbole contrastante) dentro da liberdade poética da época (bárbara).
Sinceramente, acho que num país onde se mente para tudo, incluindo no termo mentir, a que chamam faltar à verdade para não ferir susceptibilidades dos mentirosos, onde nada é confiável, e onde o é tanto pode ser ou não ser, na sonegação da lógica, só podia realmente fazer-se poesia, mas daquela em que incontornavelmente o poeta é um fingidor que finge tão completamente que para não trabalhar até finge estar doente, os borra-botas são supra-sumos da cultura e da literatura, enfim, tudo é possível porquanto nada se é, incluindo gregos, embora os estejamos igualmente, e bem pior por sinal, porque os de Creta também estão e são gregos, mas eles têm toda a razão em evidenciá-lo, porque vivem na Grécia. Agora, nós?...

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