6.27.2008

Estranhos Inimigos
Robert Asprin
Trad. Eurico da Fonseca
2 Volumes: 192 + 192 Páginas

Com recente estreia em publicações portuguesas, digamos que há pouco mais de dez anos, é porém, muito longe de ser um desconhecido no campo da ficção científica, um conhecidíssimo autor, pelo menos nos domínios da literatura fantástica, porquanto séries de sua autoria, como Myth e Thieves´ World, no conjunto das quais se somam mais de duas dezenas de títulos, lhe granjearam notória popularidade. Pela presente obra, novela ou romance se chamará, cuja verdadeira originalidade reside no facto de os narradores e intérpretes desta saga serem alienígenas, seres extraordinários em tudo diferentes dos da humana espécie, mas nem por isso menos inteligentes ou subtractivamente dotados, no aspecto físico, os Tzen, oriundos dos Pântanos Negros, mundo (irreal) em risco de desaparecimento, e que construíram um império sob o único fito para além do seu planeta natal, poderemos aprender, dentro das linhas que costuram os hipotéticos supores, que há espécies a quem já preocupam coisas que à humanidade são puras perversões.
Senhores de uma técnica e de um conhecimento superiores, combatem por necessidade imperial e nunca por prazer ou motivações próprias. Divididos em três castas (os Guerreiros, os Cientistas e os Técnicos), têm por tarefa irradiar de um dos planetas que querem ocupar todos os seus autóctones, espécimes da Coligação dos Insectos, estranhos inimigos, mas com poder e civilização bastante avançados. Depois de exterminados os Nadadores, seguem-se-lhe os Voadores, quais vespas que imperavam nos ares. Contudo, é no mundo subterrâneo, com as Formigas, que a luta mais dificuldades e baixas provoca aos ocupadores, dadas as características essenciais desse confronto. Vencerão ou não?, eis mais uma questão pírrica sobre a qual se não devem lançar (ou fazer) apostas.

Todavia, há que realçar que neste livro a dois volumes, as qualidades autorais e criativas, saem extraordinariamente prejudicadas pelos acabamentos e qualidade da mancha gráfica, uma vez que notam sobremaneira nele uma composição descuidada com palavras a que faltam letras, frases a que faltam palavras, não concordância entre sujeitos e formas verbais, frequente troca do plural pelo singular e vice-versa, repetição desnecessária de proposições e pronomes, como que a relembrar-nos que os conceitos de revisão são sempre benéficos quando acompanhados dos procedimentos de fixação dos textos, independentemente de nós gostarmos ou não dos autores que processamos, e expomos ao julgamento público. É óbvio que cabe aos autores toda a responsabilidade sobre os conhecimentos explícitos, as coerências de conteúdo e o pronunciável arrebatamento, suficiente e necessário, para provocar a preferência dos leitores; mas também não é menos óbvio, que o conhecimento tácito que transforma um texto num produto cultural, fazendo dele um bem apetecível ou execrável, esse, é da total responsabilidade dos editores, que aqui, se esqueceram, incompreensivelmente dela. O que é pena, porquanto o mercado português do livro e os escores de leitura nacional, não são assim tão avantajados que permitam frequentes laxismos na qualidade... Nem falhas de competência, que prejudicam, directa e indirectamente, quem nos ganha o pão nosso de cada dia!

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