10.14.2006

Sinal da Cruz

No arco amuralhado de granito ogival
Entre as portas 26 e 28 da Rua Tal
(Não sei bem o nome, nem importa muito...)
Há um nicho com um santo escultural
A quem as devotas se persignam por culto.

Esse gesto simples, supersticioso, grotesco
Talvez nascido por palimpsestos medievais,
Acarreta consigo densas sombras do simiesco
Que há na fé por temor no comum dos animais.

Concedendo-lhe a dúvida, até pode ser que tenha sido
Nos primórdios, um princípio ancestral magnificente...
Contudo, o que hoje conta, é que por ele têm morrido
Aos biliões, quer dos nossos, como da bárbara gente!

Pode parecer, portanto, inocente e insignificante
Aquela devoção das cocas beatinhas e das velhotas,
Ou mesmo exótica para quem das cruzes devotas
Apenas sabe a coreografia costumeira e domingante.

Mas, se do enredo só metade alguém soubesse
Como a morte é o negócio que a muitos beneficia,
Talvez neste mundo mais ninguém houvesse
Que lhe prestasse culto ou atribuísse secular magia,
Quando se persigna sob qualquer nicho escultural
Em devoção aos santos amuralhados no granito ogival
Que há entre as portas 26 e 28 das ruas tal e tal!

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La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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