8.29.2022

"Só o SIM é sim"


 

NENHUM NÃO É CONSENTIMENTO


Só o sim é sim"; o resto metáforas são

De quem prefere ver (assaz) confirmadas

As perversões que lhe habitam a intenção.


Os humanos inventaram a fala pra dizer

Mas depois esqueceram-na, simplesmente,

Substituindo-a por diversas fobias"Só o s

Que não reconhecem beleza nem poesias,

Homo, bi, trans e inter, estereotipadas

Cultivando ódio e vergonha entre as gentes,

Discriminações, violência e abusos,

Rituais da ignorância, ritos confusos;

Que consideram “as demais” coisificadas,

Ou apenas objetos de gozo e de prazer

(Que ressentidas castigam, fazem sofrer).


Só o sim é sim”, que o resto é indecisão

Verdade oculta por inúmeras camadas

Dolorosas de violação, acamadas

No íntimo... – nascidas do calado não!


Joaquim Maria Castanho

(29 de agosto de 2022)

#poesia #poema #poeta

#literatura

8.26.2022

Nathalie Cardone - Populaire (Official Video HD)

APRENDIZADO CONTÍNUO

 


APRENDIZADO CONTÍNUO


Os estereótipos são disfuncionais…

Ser homem, ser mulher, não é separável:

Todos e todas somos simplesmente plurais

Perante a igualdade sustentável.


Humanidade é casa de seres iguais

Onde o género nad’impõe, determina;

Pois a diferença iguala muito mais

Que ver ser o ser dif’rente por ser menina,

Pensar ser dif’rente o ser por ser menino…


Sexualidade não é oportunidade;

O sucesso não vem escrito no destino,

Nem traja cores pré-estabelecidas.


É meio de sentir prazer em ser o que se é

Inventando quem somos nas nossas vidas,

Que para criar é preciso perder o pé

Ser paragem e viagem a gerar caminho…


Gerar é aprendizado a colher ensino!


Joaquim Maria Castanho

Portalegre, 26 de agosto de 2022


Susana Cala - Tenemos Que Hablar

8.25.2022

missiva breve


 MISSIVA BREVE

Que não deixemos ninguém pra trás:
Toda a gente tem lugar marcado.
Vida não se herda… É o que se faz,
Ou vence preconceito e pecado
– Ainda que não possa ser contado.

Pois nenhum excel lhe vê proveito
Nem nada lhe garante serventia…
É carta escrita com o peito
Com letras (in)sensatas e sem jeito
– E tinta das metáforas da poesia.

Murmúrio de biliões de vozes
Cujas, no inventário somos nós,
Driblando tiranos e algozes
Até redesenharmos a própria voz!

Joaquim Maria Castanho   
Portalegre, 25 de agosto de 2022

8.24.2022

Françoise Hardy - Mon amie la rose (1965)

NAVEGAÇÃO À VISTA


 

NAVEGAÇÃO À VISTA


Janela de evasão, os teus olhos

Quando me perco no caminho,

São oceanos sem lixos nem escolhos

Ond’o sonho mergulha sozinho

Depois de comigo se abraçar.


As folhas e os troncos nos vestem

(Vagens de chocolate e leda luz...)

Onde deuses e deusas entretecem

As teias mais subtis da vera jus.


E nesse excelso entrelaçado

Condomínio da poesia e rigor,

Vejo teus olhos em todo o lado

Onde seja possível habitar

Os abraços que não queiram calar

Que tiveram origem no amor!


Joaquim Maria Castanho

c/ foto de Mia Teixeira

Portalegre, 24 de agosto de 2022



France Gall - Ella, Elle L'a (New Edit 2022)

Après toi

8.10.2022

THE GAEL from The Last of the Mohicans - Breizh Pan Celtic

CAUSA DE VIDA

 

CAUSA DE VIDA


Tempo tem esporas

Que picam desejo…

Perco-me nas horas

Quando te vejo.


Tempo é deleite,

Inventor d’esperas…

Pra qu’eu me sujeite

A ver-te deveras

Passo junto a ti

Murmuro o teu nome

Pra provar que te vi…


Só ver-te me consome!


Joaquim Maria Castanho

8.06.2022

Un peu beaucoup

O MEU AFETO É FELINO


 

O MEU AFETO É FELINO



O meu fiel companheiro de leituras

Não percebeu bem o poema que lhe li…

No entanto arrebitou as orelhas

Logo que tão saudoso lhe falei de ti

Vieram-me à ideia ideias futuras

Coisas intenções, causas que não perdi,

E que plas sombras frescas, férteis e escuras

Me dão a ver todo o afeto que já senti…


Que se repete mas que é sempre novo

Aberto caminho que nunca confesso,

Élan da vida, motivo de progresso,

Iluminação de destino que atravesso

Indo pra lá das metas – e do estorvo –

E prova ser igual ao do resto do povo!


Joaquim Maria Castanho

Geroges Bernanos, UM CRIME

 


Escritor e jornalista francês, nascido em Paris, a dia 20 de fevereiro de 1888 e falecido, também em Paris, a 5 de julho de 1948, Georges Bernanos, licenciado em Direito (1913), comungou dos ideais monárquicos e foi católico apostólico romano como a maioria dos europeus que viraram do século XIX para o século XX. Além de soldado de trincheira na Primeira Guerra Mundial e de repórter na Guerra Civil Espanhola, apoiou igualmente a França Livre e a Resistência Francesa contra o regime de Vichy na Segunda Guerra Mundial, com as suas tomadas de posição e artigos de jornal, embora estivesse então (1940) exilado no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial.


Considerado pela crítica como o Dostoievski francês, casou com uma lendária descendente de Joana d’Arc, autor de Sob o Sol de Satã (adaptado ao cinema por Maurice Pialat, e que ganhou a Palma de Ouro em Cannes), Diário de um Pároco de Aldeia e Nova História de Mouchette (ambos filmados por Robert Bresson), Diálogos das Carmelitas, Grandes Cemitérios Sob a Lua e Um Crime, entre outros.


Mas é este último, UM CRIME, da Coleção Miniatura, Edição «Livros do Brasil», com tradução de Ersílio Cardoso, comprado na Livraria José Maria Batista Alves, em Portalegre, a minha leitura de fim de semana. Porquê? Porque há grandes obras que foram escritas para isso mesmo… Para serem lidas independentemente das modas e novidades que nos servem diariamente sem que as tenhamos escolhido ou pedido. 

Joaquim Maria Castanho

8.02.2022

Le Vent Nous Portera

Madredeus - "Amanha" ( Mañana) / Palau de la Música - Barcelona 1994

A PROMESSA E A METÁFORA


 

A METÁFORA E A PROMESSA


Que nós pomos princípios em tudo…

Mesmo se escrevemos no imediato.

Conceitos que enrolamos em canudo

Pra melhor caberem em qualquer prato!


Ou na salva de prata, que no entrudo

Usamos pra mascarar ímpio retrato…

Tal e qual essa, que põe pra fora o oculto

Que há na promessa, de futuro farto.


Princípios e promessas não se dão bem!

Pois que os primeiros são sempre meios

Com que recheamos conteúdos já cheios.


E as segundas, formas de iludir desdém

Pelos conceitos, argumentos e enleios,

Premissas e preconceitos, que são promessas

De penetrar pelas portas das travessas

Onde nunca nos cruzaremos com alguém…


Joaquim Maria Castanho


La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português