A
EXATIDÃO DA DISTÂNCIA
Se
na equidistância entre estrelas o afastamento a uma é aproximação
A
outra entre dois pólos navega como pêndulo à procura da unidade
Esse
ritmo binário digital com que nos sustentamos irrequieta condição
A
bater as horas entre ser e não e não-ser, sintetiza-nos átomo
paridade
Ao
construir-nos duplos no género mas iguais perante a generalidade.
Olho
devagar a concisão de teu sorriso aflorando o recanto da alegria
E
nesse olhar em que me vou tornando está o manto rosáceo, puro, liso
Que
não descuro nem quanto dele preciso para seguir em frente no dia-
A-dia,
sobre a mesa da ocasião, apenas à solidão calada as letras aviso
Arriscarem-se
a perecer se ao cometer a traição temerem doce ousadia
De
tecer teus ombros na fina e branca seda dos astros reflexos os areais
Bronzeados
mestiços metais nada são se os comparar a alvos celestiais
Das
velas navegantes que mundos viram e trouxeram uma página mais.
Duas
folhas unidas pela medianiz como dos troncos nasce só uma raiz
A
veia feita das duas metades que já foram quartos doutras tantas luas
Ao
querer como se crê e tanto quis que as pétalas saídas do cálice
tuas
Fossem
únicas verdades essas lidas assim tatuadas na pele tão-só a giz
De
gizar o caminho ao amaciar o linho da repousada água na líquida fé
De
se apagar a mágoa no mansinho ser somente quem, ao querer-te, é.
Joaquim
Maria Castanho
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