Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos povos
87, rue du Faubourg-Saint-Denis – 75 010 París (France)
É urgente ajudar o Haiti!
O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT) dá a conhecer aos trabalhadores de todo o mundo – aterrorizados com o horror do terrível martírio sofrido novamente pelo povo haitiano – o Apelo feito pela Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas (ATPC):
SIM À SOLIDARIEDADE PARA COM OS TRABALHADORES E O POVO DO HAITI (excertos)
A Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas (ATPC) manifesta a sua total solidariedade ao povo do Haiti, novamente esmagado e ferido por um forte terramoto que acabou de acontecer no seu país (...).
A ATPC recorda que os estragos, as numerosas vítimas, o aprofundamento do sofrimento causado às pessoas por este terramoto, são o resultado da total falta de infra-estruturas do Estado, do estado da maior parte destas infra-estruturas e das habitações, do desemprego (que atinge mais de 60% dos trabalhadores), dos salários de miséria (menos de 2 euros por dia), enquanto o Governo do Haiti entrega, em cada semana, mais de 1 milhão de dólares a instituições internacionais para pagar a alegada dívida externa.
A ATPC faz um apelo para que os povos da Guadalupe e das Caraíbas protestem contra esta situação;
Apela a que os trabalhadores e os povos das Caraíbas respondem às acções de solidariedade com o povo haitiano, em particular aquelas que forem organizadas pela ATPC.
A ATPC reafirma que a actual situação do Haiti não é devida nem a uma fatalidade, nem a uma maldição, mas sim à sobre-exploração e à submissão impostas – pelas potências ocidentais, especialmente a França e os E.U.A. – ao povo do Haiti e à nação haitiana, que foi a primeira república negra do mundo que derrotou as tropas de Napoleão, que tinham vindo restabelecer a escravidão em 1802, na Guadalupe.
ATPC
(Guadalupe, a 13 de Janeiro de 2010)
Setenta e duas horas depois do terramoto, o caos horrível a que milhões de haitianos tentam sobreviver só torna este apelo mais urgente:
- “Sem Estado e perante a inoperância da ONU, os haitianos são deixados à sua sorte”, diz um universitário da missão brasileira no Haiti, presente quando houve o terramoto, acrescentando que “os haitianos estão fartos de promessas daqueles que dizem representar a «comunidade internacional». Por que estão aqui? Após seis anos de ocupação, os hospitais e as escolas estão em ruínas.” (Folha de São Paulo, 14 de Janeiro).
- A resposta dos E.U.A.: o envio de 10 mil marines! Os pára-quedistas americanos ocuparam o aeroporto, hoje os militares dos E.U.A. controlam todos os pontos estratégicos da ilha. Um porta-aviões nuclear americano ocupa o porto destruído, um navio da guarda costeira está a na baía de Porto Príncipe, e outro está por vir. O Haiti, cortado do mundo, está hermeticamente fechado.
- Ao mesmo tempo, o governo dos E.U.A. mantém a proibição de todos os cidadãos a entrarem no seu território e nomeia G.W. Bush como co-presidente da “Missão de salvação do Haiti”, o mesmo Bush da guerra no Iraque e no Afeganistão, que – quando era presidente dos E.U.A. – não mexeu um dedo quando se tratou de ajudar centenas de milhares de vítimas, na sua maioria negros, do furacão Katrina, em Nova Orleães.
- O FMI, que – através do seu presidente Strauss Kahn – se mostra disposto a dar alguns milhões de dólares como ajuda, continua a exigir o pagamento integral da dívida externa que, desde há anos, sangra o povo haitiano.
- A primeira reacção do ministro das Relações Externas francês, Bernard Kouchner, poucas horas após o desastre – com milhares de haitianos sepultados sob as ruínas, em que os mortos já se contavam por dezenas de milhar e os sem-abrigo eram milhões – foi: “Há para manter a ordem, impedir os saques e garantir as propriedades”! O ministro das Relações Externas do Brasil, Celso Amorim, acrescentou: “É claro que esta estratégia necessita de cuidados especiais no que respeita à ordem e à segurança. Tanto mais quanto as prisões foram destruídas.” (O Estado, 14 de Janeiro).
É verdade que há uma causa natural para o terramoto: é a ruptura das placas tectónicas ao longo de uma falha tectónica, já descoberta há uns anos.
Mas os 50 a 100 mil mortos provocados por os edifícios (para já não mencionar as favelas) não terem sido construídos segundo normas anti-sísmicas, os milhares de milhares de outras mortes anunciadas pelo facto de não haver hospitais, nem transportes, nem infra-estruturas do Estado, nem serviços públicos... Isto não é “natural”, é o resultado de uma política deliberada realizada durante anos, sob a orientação do FMI e das “grandes potências” que impuseram a este país a destruição dos serviços públicos, o pagamento de uma dívida ilegítima, e as restantes medidas exigidas pelo FMI. “Grandes potências” que apoiaram a ditadura de Duvallier até 1981, bem como o golpe que derrubou Aristide, em 2004, para instalar o actual Governo apoiado pelas baionetas da MINUSTAH (“capacetes azuis” da ONU).
O que aqui está em acusação é a política do conjunto dos governos que levou, durante anos, este país – o mais pobre entre os pobres – para o abismo da miséria em que o apanhou o terramoto. Governos que agora fingem chorar sobre o triste destino do povo do Haiti.
Aquilo com que realmente o Haiti está confrontado é a uma catástrofe social, política e económica, de que todos esses governos são responsáveis e mais ninguém.
Sim à solidariedade com o povo, os trabalhadores e a juventude do Haiti!
Para isso tem que ser dito, claramente, que os primeiros requisitos são:
- A anulação imediata da dívida externa!
- A restituição ao povo haitiano da sua plena soberania, pondo fim à ocupação militar!
- Aquilo de que o Haiti precisa é de médicos, enfermeiros e engenheiros, e não de soldados!
- Que sejam abertas todas as fronteiras dos Estados a que os cidadãos haitianos queiram aceder!
Os sindicatos e as organizações populares do Haiti(*) – que realizaram, no passado mês de Dezembro, em Port-au-Prince, a “Conferência Continental pela Soberania do Haiti” – fazem um apelo à solidariedade internacional dos trabalhadores.
A Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas e o Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos associam-se a esse apelo.
Podem canalizar o dinheiro para o “Fundo CMA” (mencionar Haiti), para o seguinte endereço: 87, rue du Faubourg Saint-Denis - 75 010 Paris (França), que fará chegar ao Haiti os vossos donativos.
Paris, 15 de Janeiro de 2010
(*) Entre elas a CATH (Central Autónoma de los Trabajadores Haitianos), a CTSP (Confederación de los Trabajadores del Sector Público), a ADFEMTRAH (Asociación de las Mujeres de la CATH), o POS (Partido obrero socialista haitiano), a KOTA (Konfédorasyon travayè paisyen), a UTSH (Unión de los Trabajadores sindicalizados), a CISN (Confederación independiente, sindicato nacional), e a FOS (Federación de los Obreros Sindicalizados).
87, rue du Faubourg-Saint-Denis – 75 010 París (France)
É urgente ajudar o Haiti!
O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT) dá a conhecer aos trabalhadores de todo o mundo – aterrorizados com o horror do terrível martírio sofrido novamente pelo povo haitiano – o Apelo feito pela Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas (ATPC):
SIM À SOLIDARIEDADE PARA COM OS TRABALHADORES E O POVO DO HAITI (excertos)
A Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas (ATPC) manifesta a sua total solidariedade ao povo do Haiti, novamente esmagado e ferido por um forte terramoto que acabou de acontecer no seu país (...).
A ATPC recorda que os estragos, as numerosas vítimas, o aprofundamento do sofrimento causado às pessoas por este terramoto, são o resultado da total falta de infra-estruturas do Estado, do estado da maior parte destas infra-estruturas e das habitações, do desemprego (que atinge mais de 60% dos trabalhadores), dos salários de miséria (menos de 2 euros por dia), enquanto o Governo do Haiti entrega, em cada semana, mais de 1 milhão de dólares a instituições internacionais para pagar a alegada dívida externa.
A ATPC faz um apelo para que os povos da Guadalupe e das Caraíbas protestem contra esta situação;
Apela a que os trabalhadores e os povos das Caraíbas respondem às acções de solidariedade com o povo haitiano, em particular aquelas que forem organizadas pela ATPC.
A ATPC reafirma que a actual situação do Haiti não é devida nem a uma fatalidade, nem a uma maldição, mas sim à sobre-exploração e à submissão impostas – pelas potências ocidentais, especialmente a França e os E.U.A. – ao povo do Haiti e à nação haitiana, que foi a primeira república negra do mundo que derrotou as tropas de Napoleão, que tinham vindo restabelecer a escravidão em 1802, na Guadalupe.
ATPC
(Guadalupe, a 13 de Janeiro de 2010)
Setenta e duas horas depois do terramoto, o caos horrível a que milhões de haitianos tentam sobreviver só torna este apelo mais urgente:
- “Sem Estado e perante a inoperância da ONU, os haitianos são deixados à sua sorte”, diz um universitário da missão brasileira no Haiti, presente quando houve o terramoto, acrescentando que “os haitianos estão fartos de promessas daqueles que dizem representar a «comunidade internacional». Por que estão aqui? Após seis anos de ocupação, os hospitais e as escolas estão em ruínas.” (Folha de São Paulo, 14 de Janeiro).
- A resposta dos E.U.A.: o envio de 10 mil marines! Os pára-quedistas americanos ocuparam o aeroporto, hoje os militares dos E.U.A. controlam todos os pontos estratégicos da ilha. Um porta-aviões nuclear americano ocupa o porto destruído, um navio da guarda costeira está a na baía de Porto Príncipe, e outro está por vir. O Haiti, cortado do mundo, está hermeticamente fechado.
- Ao mesmo tempo, o governo dos E.U.A. mantém a proibição de todos os cidadãos a entrarem no seu território e nomeia G.W. Bush como co-presidente da “Missão de salvação do Haiti”, o mesmo Bush da guerra no Iraque e no Afeganistão, que – quando era presidente dos E.U.A. – não mexeu um dedo quando se tratou de ajudar centenas de milhares de vítimas, na sua maioria negros, do furacão Katrina, em Nova Orleães.
- O FMI, que – através do seu presidente Strauss Kahn – se mostra disposto a dar alguns milhões de dólares como ajuda, continua a exigir o pagamento integral da dívida externa que, desde há anos, sangra o povo haitiano.
- A primeira reacção do ministro das Relações Externas francês, Bernard Kouchner, poucas horas após o desastre – com milhares de haitianos sepultados sob as ruínas, em que os mortos já se contavam por dezenas de milhar e os sem-abrigo eram milhões – foi: “Há para manter a ordem, impedir os saques e garantir as propriedades”! O ministro das Relações Externas do Brasil, Celso Amorim, acrescentou: “É claro que esta estratégia necessita de cuidados especiais no que respeita à ordem e à segurança. Tanto mais quanto as prisões foram destruídas.” (O Estado, 14 de Janeiro).
É verdade que há uma causa natural para o terramoto: é a ruptura das placas tectónicas ao longo de uma falha tectónica, já descoberta há uns anos.
Mas os 50 a 100 mil mortos provocados por os edifícios (para já não mencionar as favelas) não terem sido construídos segundo normas anti-sísmicas, os milhares de milhares de outras mortes anunciadas pelo facto de não haver hospitais, nem transportes, nem infra-estruturas do Estado, nem serviços públicos... Isto não é “natural”, é o resultado de uma política deliberada realizada durante anos, sob a orientação do FMI e das “grandes potências” que impuseram a este país a destruição dos serviços públicos, o pagamento de uma dívida ilegítima, e as restantes medidas exigidas pelo FMI. “Grandes potências” que apoiaram a ditadura de Duvallier até 1981, bem como o golpe que derrubou Aristide, em 2004, para instalar o actual Governo apoiado pelas baionetas da MINUSTAH (“capacetes azuis” da ONU).
O que aqui está em acusação é a política do conjunto dos governos que levou, durante anos, este país – o mais pobre entre os pobres – para o abismo da miséria em que o apanhou o terramoto. Governos que agora fingem chorar sobre o triste destino do povo do Haiti.
Aquilo com que realmente o Haiti está confrontado é a uma catástrofe social, política e económica, de que todos esses governos são responsáveis e mais ninguém.
Sim à solidariedade com o povo, os trabalhadores e a juventude do Haiti!
Para isso tem que ser dito, claramente, que os primeiros requisitos são:
- A anulação imediata da dívida externa!
- A restituição ao povo haitiano da sua plena soberania, pondo fim à ocupação militar!
- Aquilo de que o Haiti precisa é de médicos, enfermeiros e engenheiros, e não de soldados!
- Que sejam abertas todas as fronteiras dos Estados a que os cidadãos haitianos queiram aceder!
Os sindicatos e as organizações populares do Haiti(*) – que realizaram, no passado mês de Dezembro, em Port-au-Prince, a “Conferência Continental pela Soberania do Haiti” – fazem um apelo à solidariedade internacional dos trabalhadores.
A Associação dos Trabalhadores e dos Povos das Caraíbas e o Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos associam-se a esse apelo.
Podem canalizar o dinheiro para o “Fundo CMA” (mencionar Haiti), para o seguinte endereço: 87, rue du Faubourg Saint-Denis - 75 010 Paris (França), que fará chegar ao Haiti os vossos donativos.
Paris, 15 de Janeiro de 2010
(*) Entre elas a CATH (Central Autónoma de los Trabajadores Haitianos), a CTSP (Confederación de los Trabajadores del Sector Público), a ADFEMTRAH (Asociación de las Mujeres de la CATH), o POS (Partido obrero socialista haitiano), a KOTA (Konfédorasyon travayè paisyen), a UTSH (Unión de los Trabajadores sindicalizados), a CISN (Confederación independiente, sindicato nacional), e a FOS (Federación de los Obreros Sindicalizados).