138.
SOBRE A FLORIDA PLANÍCIE, A LUSOFONIA
Há um poema que não digo
Mas nunca esqueço;
Há um poema onde soletro
Por que estremeço
Me persegue s’o persigo
Mudo, circunspeto
Até que ecluda, por fim
Polvilhando searas
De prosas (em assíndeto)
Como faúlhas, aparas
Que são estilhaços de mim.
É mel vertical que transluz
Ao diluir-se em cor,
Portal d’anseio que transpus
Em espigas d’amor,
Prà farinha dessoutro pão
Qu’é o nome de cada flor.
Joaquim Maria Castanho
136.
A COLETORA
As estações expiram sem ais.
Às vezes, ditam-me os caminhos;
Outras, dizem-me por onde vais
Apenas, e só, pra te encontrar
E ver, que as manhãs, se serenas
Imitam o teu modo de andar,
De pisar chão, apurar-lh’o tato
Que nem cada pé fosse outra mão
A aflorar pedras, flores e mato.
Se são muralhas, sobem-nas, então
Se rosas, não evitam espinhos;
Se alecrim, carqueja, ‘piricão
Silvas – usam-no para infusão!
Joaquim Maria Castanho
135.
Sei que exilar-me de mim é urgente
– Nada corrobora esta quietude:
Fico ensimesmado, se entre gente
Só a pensar-te, na mesma atitude
De quando isolado, ou sozinho,
Me perco entre as paredes da casa
Ou vagueio por qualquer caminho,
Divagando com a cabeça em brasa.
E se o constato, por tão evidente
Também lhe reconheço outra virtude:
A de ficar a saber que o carinho
É uma pátria suprema, querida,
Onde os beijos edificam o ninho
– E o pedir… Qualidade de vida!
Joaquim Maria Castanho
SOBRE A FLORIDA PLANÍCIE, A LUSOFONIA
Há um poema que não digo
Mas nunca esqueço;
Há um poema onde soletro
Por que estremeço
Me persegue s’o persigo
Mudo, circunspeto
Até que ecluda, por fim
Polvilhando searas
De prosas (em assíndeto)
Como faúlhas, aparas
Que são estilhaços de mim.
É mel vertical que transluz
Ao diluir-se em cor,
Portal d’anseio que transpus
Em espigas d’amor,
Prà farinha dessoutro pão
Qu’é o nome de cada flor.
Joaquim Maria Castanho
136.
A COLETORA
As estações expiram sem ais.
Às vezes, ditam-me os caminhos;
Outras, dizem-me por onde vais
Apenas, e só, pra te encontrar
E ver, que as manhãs, se serenas
Imitam o teu modo de andar,
De pisar chão, apurar-lh’o tato
Que nem cada pé fosse outra mão
A aflorar pedras, flores e mato.
Se são muralhas, sobem-nas, então
Se rosas, não evitam espinhos;
Se alecrim, carqueja, ‘piricão
Silvas – usam-no para infusão!
Joaquim Maria Castanho
135.
PEDIDO DE EXÍLIO
Sei que exilar-me de mim é urgente
– Nada corrobora esta quietude:
Fico ensimesmado, se entre gente
Só a pensar-te, na mesma atitude
De quando isolado, ou sozinho,
Me perco entre as paredes da casa
Ou vagueio por qualquer caminho,
Divagando com a cabeça em brasa.
E se o constato, por tão evidente
Também lhe reconheço outra virtude:
A de ficar a saber que o carinho
É uma pátria suprema, querida,
Onde os beijos edificam o ninho
– E o pedir… Qualidade de vida!
Joaquim Maria Castanho