SOB O AZUL, OLHANDO O MAR
(Paisagem com rosto, ou alucinação sobre a água
fulgente de um pôr-do-sol de Foz domingueira...)
Olha as gaivotas, ali linhas de voo
O seu corte pontiagudo no diamantino céu
E cristal também plácido espelho
Das águas chispando (a)deuses.
Podes pedir-lhe a calma da tarde
Que não te recusarão o destino,
Porquanto é o corpo quem parte
Mas ficando nelas o olhar-menino
Deste silêncio, líquido definido
Mascando ênfase no sonho corrompido
Pelo coração em sobressalto, desatino
Com a vida e seus incontáveis reveses,
Que nos concedem sempre o que às vezes
Apenas acidente supomos ser no puro linho.
Não apetece ainda o escurecer:
Há caminhamantes na marginal…
Mas o soslaio do sol fisga a Pousada
E põe na grama verde a linha escalada
De romper as frestas ao molhe triste
Nos olhos dos olhos se o Douro viste.
Pousada da Juventude, Porto
.../.../...– 16:30 horas
Joaquim Maria Castanho