O PULO DO PONTEIRO
Vivi sem planos um ano inteiro!
Prà’manhã não tenho nada planeado
– Que até o sol, se for de janeiro
Olha pra dezembro como mês passado.
Minha vida é um supor descuidado
Ponto de fuga adiada, primeiro
Logo assumida, detalhe, seleção;
Como que um tic-tac desse ponteiro
Digital que pula sempre afinado,
Mas tanto lhe faz seja dia a dia, mês
A mês, ano a ano ou estação a estação:
Ao fazê-lo, esquece de onde veio
Para, assim, viver o que tem em cheio,
Esquecendo-o, mal pule outra vez!
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade