FATALIDADE
"Aquele que me adorar está perdido"
(Inscrição da estatueta da deusa Vénus Ibérica)
Sei que há esperança, e dela partilho.
Sei que podemos escrever o destino,
Inventar nosso trajeto, nosso trilho;
E que crescer é ganhar independência
(Perder os dependeres de menino).
Mas de todos os vícios que apanhei
O de ti é o único que me não passa
– Que és a cura por que me desgraço.
E se à noite a mim mesmo afianço
Que hei de pôr cobro à dependência,
Eis que novo dia nasce, e alcanço,
A certeza pura de minha essência:
Prefiro mil vezes viver em desgraça!
Joaquim Maria Castanho