ABRAÇO TRANSPARENTE
Mergulho em tuas águas
E sou o cristal de um jardim,
Sem orgulho e sem tréguas
De ser em ti, como tu em mim
Já na ribeira dissolvente
Pla liquidez da sofreguidão:
No abraço pleno a semente
Gera socalcos no coração,
Janelas por cima deste rio
Que agita as profundidades
Mata sedes, corrói o frio
Planta vides nas saudades,
Essas mais que uma, duas
Três, mil que sejam por segundo
Que, cópia de ti, serão luas
Cópias da lua qu'é A sol do mundo.
Mergulho na água que tu és
Soluto de soletrar paixões,
Que dá a volta mundo sem pés
Nem julgar o ser plas ilusões.
Joaquim Maria Castanho