8.08.2024

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o nome do tempo


 

O NOME DO TEMPO

 

Numa sociedade em constante mudança, sempre sujeita a contínuas e aceleradas atualizações, onde a inovação social e económica parece ser um dos principais motores de desenvolvimento, crê-se, mais ou menos na generalidade, que se deve dar uma importância especial crescente à imaginação e à criatividade, para que a sustentabilidade da sociedade seja propícia à realização completa e concreta da humanidade, a que não pode ser alheia a igualdade de género.

 

Nesse sentido «algo de novo se prepara no mundo, cuja ponta avançada é a mulher.

Tão distante de um certo domínio da linguagem, menos fechada que o homem. Encontrando-se assim na última periferia dos territórios conhecidos, não tem um registo onde inscrever-se.

É um presente, ausente e silencioso.

É o nome do tempo.

 

Reconhecidamente de todo o tempo, se adianta, não só por ser mentora e tutelar administrativa do sistema social anterior ao antropocentrismo primário, mas também porque já em 1920, por exemplo, há mais de cem anos portanto, ano em que foi publicado pela primeira vez, quando a autora tinha 45 anos, e somente depois de ter conseguido divorciar-se, tendo em conta que o marido não lhe reconhecia qualquer talento e chamava aos seus escritos de papéis, sendo contra a sua verve literária, bem como ao seu gosto pelas coisas da literatura e do viver em sociedade, o livro OS QUE SE DIVERTEM (A Comédia da Vida), da autora portalegrense LUZIA, se debatiam as questões da igualdade de género e dos direitos humanos, da defesa dos animais e da biodiversidade, embora nesse tempo não fossem ainda assim tão evidentes e prementes, não obstante o livro tivesse vindo a revelar-se um sucesso extraordinário, com duas reedições seguintes.

 

Ou seja, para as coisas da sensibilidade cultural e literária ela, a mulher, incluindo a mulher portuguesa, revelou sempre uma aptidão superior, que não é só de agora, mas marcou o desenvolvimento humano, mesmo quando ele se revelou ser-lhe opressivo e castrativo, pelo que é de relevante importância que lhe seja devolvido estatuto correspondente.    

 

Joaquim Maria Castanho

 

*in SEXUALIDADE E PODER

Direção de Armando Verdiglione

Trad. António José Pinto Ribeiro

EDIÇÕES 70, 1976

Página 55.

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

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Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

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Também pode alcançar o céu

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