1.25.2006

CARTAS A FERNANDO PESSOA

1.

(Des)Ajuda, 02 de Janeiro de 2006

Para ti escrevinho,
Fernando
Eterno poeta,
Meu eterno amado.
Da boca me tiraste o inefável
As palavras indizíveis
Que o vento nunca levou
Quando eu partir
Encontrar-te-ei,
Meu amor
E juntos
Vamos conhecer As Cidades Invisíveis do Calvino
Meu eterno amante
Mostra-me o que há para lá do lá mais adiante
Ensina-me a defraudar a divina comédia
De Dante
Ama-me
Ou será que nunca esquecerás a Ofélia
Para ti escrevinho,
Fernando
Bebe comigo um pouco de vinho
Para esquecer


Permanentemente tua
Philipa Brasão Antunes


2.

No amor por ti
Há um atalho
Pelo qual me encaminho
À tua procura
No lado esquerdo da noite
Não te encontro aqui
Onde enclausurado está o meu corpo
A minha mente é livre, porém,
De imaginar a nossa próxima noite juntos,
Meu amor


Serei a tua sereia
E ao luar
Amar-te-ei sobre a areia
E de mãos dadas
Iremos para o mar
Celebrar a lua cheia.


3.


O meu lugar ao sol
É debaixo do lençol,
Nas trevas do pesar.
E se a minha alma me pesar,
Sei como a tornar mais leve:
Fazendo com que a morte a leve
Para bem longe desta merda
Não seria muito grande, a perda
Pois aqui, não há mais lugar para mim
A vida não faz sentido assim
Quero agora o meu fim
Já esteve menos perto
É cada vez mais certo.


Philipa

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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