OS TRÊS POMOS SUBLIMES
(: ESTIMA, FIDELIDADE E RESPEITO)
Me enrolo nas palavras, tropeço
Nelas, exijo-lhes que «Falem!», «Digam!»
«Sejam!» imediatas, que não esqueço
Os teus olhos nem o que eles ligam
Entrançam, Lua secreta, renovada…
És a insubstituível luz, a fada
Da ternura, a que faz perto o distante,
E de Atena, a eleita cintilante,
Brisa da aurora e da madrugada,
Meu último pensamento na jornada
E primeiro «Bom dia!» que tenho e dou.
Se sorrio, é porque te vejo (e vi).
Se a poesia existe, é pelo que tu és.
Se amo a vida, e o sonho, devo-o a ti.
Se sementes germinam, criação ousou
Então é porque és a vontade e os pés
Com que na Terra o feminino caminhou.
Porque em tua honra os três conceitos
Divinos são ora terrenos, e feitos
Pomos de afeto, se cruzam e descruzam
Numa trança eterna, mas celeste;
E, mortais como eu, os respeitam
E adoram, que se o mundo é agreste
Só eles ao sublime bem inspiram!
Joaquim Maria Castanho