PARA GRANDES MALES, GRANDES REMÉDIOS
“(…)
Deste País das Maravilhas
Que levam quase a sério.
A inspiração se esvai: narrar
Drenou seu poço e, embora,
Quem fatigado a conta queira
Adiar um pouco a história,
«Mais tarde eu conto», alegres vozes
Gritam «Mais tarde é agora!»
(…)”
In Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas
A globalização é um fato e contra este género de constatações não há argumentos que valham. Por outro lado, temos a crise, nacional e conjuntural, que nos impõe frugalidade e excelência nos consumos, mas principalmente nos comportamentos, coreografia, exotismos e atitudes. Alguns e algumas terão dificuldade em adaptar-se às novas circunstâncias, é certo, todavia, devem manter acesa essa centelha de esperança que acalenta tanto as almas superiores e confiantes como as mais céticas, preconceituosas e primárias.
Não desconheço que a procura do genuíno, raro, precioso e fantástico é uma demanda de nossos tempos, como noutros o foi a Terra Prometida, o Santo Sepulcro, o El Dourado ou Elixir da Juventude. Porém as coisas mais belas e extraordinárias que a vida nos pode conceder, estão ao alcance de todos, e para delas usufruir com mestria e ótimo desempenho, apenas cada qual precisa simplesmente de fechar a boca, sem qualquer habilitação especial, diploma, iniciação/prática esotérica ou brevet, e sequer lugar eleito, adequado e utópico: respirar e amar – nem mais, nem menos!
Para quem seja muito exigente e careça de concentração máxima, até pode recorrer ao exercício radical de fechar igualmente os olhos.
Nada mais simples. E se houver ainda alguém para quem o simples é deveras complicado, a quem só aquilo que é caro dá valor, então pode sempre recorrer a ambientes de luxo, suites imperiais e ar engarrafado, como o da Guarda ou Covilhã, música inspiradora e conselhos hard-core dos realizadores mais ousados da indústria da imagem.
Mas é um desperdício… Mesmo as ostras, se boas e frescas, como são melhores, é ao natural!
Respirar com a boca fechada obriga que os pelos do nariz desempenhem a sua função de filtrar as impurezas que no ar há, para não nos adentrarem para o sistema; e fechar a boca enquanto se faz amor, evita que se pronuncie o nome de alguém em que se pense enquanto se não está com ela (ou ele) que a substitui. Evitar que a/o ausente se transforme em intrusa/o é uma ótima opção para quem gosta de fazer duas coisas ao mesmo tempo (sem sacrifícios de maior). Ainda restam dúvidas da utilidade do recurso?
Sejamos sinceros. Já não nos restam muitos mais anos para fazer experiências de complicar apenas porque sim. Está fazer-se tarde para humanidade e, embora ainda haja quem pense que mais tarde é agora, do que não devemos esquecer-nos é que isso era verdade, sim, mas… ontem. Nos princípios do século passado!
“(…)
Deste País das Maravilhas
Que levam quase a sério.
A inspiração se esvai: narrar
Drenou seu poço e, embora,
Quem fatigado a conta queira
Adiar um pouco a história,
«Mais tarde eu conto», alegres vozes
Gritam «Mais tarde é agora!»
(…)”
In Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas
A globalização é um fato e contra este género de constatações não há argumentos que valham. Por outro lado, temos a crise, nacional e conjuntural, que nos impõe frugalidade e excelência nos consumos, mas principalmente nos comportamentos, coreografia, exotismos e atitudes. Alguns e algumas terão dificuldade em adaptar-se às novas circunstâncias, é certo, todavia, devem manter acesa essa centelha de esperança que acalenta tanto as almas superiores e confiantes como as mais céticas, preconceituosas e primárias.
Não desconheço que a procura do genuíno, raro, precioso e fantástico é uma demanda de nossos tempos, como noutros o foi a Terra Prometida, o Santo Sepulcro, o El Dourado ou Elixir da Juventude. Porém as coisas mais belas e extraordinárias que a vida nos pode conceder, estão ao alcance de todos, e para delas usufruir com mestria e ótimo desempenho, apenas cada qual precisa simplesmente de fechar a boca, sem qualquer habilitação especial, diploma, iniciação/prática esotérica ou brevet, e sequer lugar eleito, adequado e utópico: respirar e amar – nem mais, nem menos!
Para quem seja muito exigente e careça de concentração máxima, até pode recorrer ao exercício radical de fechar igualmente os olhos.
Nada mais simples. E se houver ainda alguém para quem o simples é deveras complicado, a quem só aquilo que é caro dá valor, então pode sempre recorrer a ambientes de luxo, suites imperiais e ar engarrafado, como o da Guarda ou Covilhã, música inspiradora e conselhos hard-core dos realizadores mais ousados da indústria da imagem.
Mas é um desperdício… Mesmo as ostras, se boas e frescas, como são melhores, é ao natural!
Respirar com a boca fechada obriga que os pelos do nariz desempenhem a sua função de filtrar as impurezas que no ar há, para não nos adentrarem para o sistema; e fechar a boca enquanto se faz amor, evita que se pronuncie o nome de alguém em que se pense enquanto se não está com ela (ou ele) que a substitui. Evitar que a/o ausente se transforme em intrusa/o é uma ótima opção para quem gosta de fazer duas coisas ao mesmo tempo (sem sacrifícios de maior). Ainda restam dúvidas da utilidade do recurso?
Sejamos sinceros. Já não nos restam muitos mais anos para fazer experiências de complicar apenas porque sim. Está fazer-se tarde para humanidade e, embora ainda haja quem pense que mais tarde é agora, do que não devemos esquecer-nos é que isso era verdade, sim, mas… ontem. Nos princípios do século passado!