AS
BOLHAS IMACULADAS
“Tudo
o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós,
porque esta é a lei dos profetas.” – Mateus 7, 12 e Lucas 6, 31
Acautelar
a biodiversidade, qualidade do ar, recursos hídricos, economia
circular, tratamento de resíduos, gestão racional dos recursos
biológicos, seriedade na gestão e ordenamento do território,
remoção dos plásticos de fundo do mar e albufeiras, acuidada
conservação da natureza, bem como ter uma regrada agricultura e
produção animal, são etapas de um processo contínuo de combate às
alterações climáticas, que devem ser mitigadas, com vista a
garantirmos a sustentabilidade ambiental portuguesa, tendo todavia,
em linha de conta, que aquilo que fizermos cá dentro, nesse sentido,
quem mais beneficiará serão provavelmente os outros povos, outros
países, outros habitats, e até outros continentes, tal como, o que
essoutros países, povos, continentes fizerem estará a beneficiar
(ou prejudicar) por sua vez, indubitavelmente a nós.
Borboleteando
de outro modo: o presente não pode alimentar nacionalismos infantis,
caso contrário, vamos todos e todas prò maneta, e enquanto o diabo
esfrega um olho.
Portugal
tem feito a sua parte – e com algum sucesso, pese embora a elevada
dose de incivilidade que predomina em diversos nichos, setores ou
comunidades da nossa tradição secular e incivilizada.
Chegou
a hora de começarmos a pensar não só nos legumes do nosso quintal
e interesses, nesse criancismo egocentrista que é apanágio das
gerações de 70 e 80 da portugalidade vigente, pseudonacionalista
conservadora e radical, para quem a lei e o Estado de direito são
uma espécie de argila para fazer presépios, moldável e manipulável
conforme os caprichos e modas momentâneas. Brincar tem hora e está
na hora de nos tornarmos uns homenzinhos e mulherzinhas responsáveis,
íntegros, conscientes, emancipados, fraternos e determinados. É que
se o não fizermos deixamos de ter razão para reclamar quando os
demais países ou povos – como é exemplo dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), se estiverem a borrifar
para toda a gente e planeta, aumentando categoricamente as suas
emissões de GEE (gases com efeito de estufa – CO2, óxido nitroso
e metano), em nome da sua economia e crescimento demográfico.
Somos
uma pequena bolha, é verdade, perante o universo e seus buracos
negros. Mas importa que sejamos uma bolha sem mácula, um exemplo de
clareza e transparência, para que possamos refletir a nossa
maturidade humana e democrática. Porque somente assim seremos
princípio, meio e fim aos olhos do mundo.
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade