POEMA DA NÃO-POESIA
Nem todos os versos são poemas,
Sequer convocam qualquer voz,
Pois muitos há que o são apenas
Pelo tato ou conforme o olhar,
Ou partilhar, caso estejamos sós,
Dizendo-se eles, doutra maneira,
Segundo o balanço de uma rede,
No invocar "daquela" nossa sede,
Ou pelo conforto de uma esteira...
Há poemas que nunca o foram
E que também nunca o serão;
Mas aceitamo-los se decoram
Nossos gestos, sentires, intenção.
Joaquim Maria Castanho