186.
ÁGUA BENDITA
Digo-me,
Da sombra do céu sobre mim
Quando me sento na relva
Escuto flores.
Cognome
Do que era princípio, será fim
– O verbo atravessa a selva
E brilha entre demais cores.
Mas da eficácia do chão
Evola murmúrio de água.
Para elas, é mais que pão.
Pra mim… Remédio prà mágoa!
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade
185.
TRIGO LÍQUIDO
Rebelde e trigueiro
Já desci para a fonte,
Que eu cresci no outeiro
Mas também nasci num Monte
Onde aprendi primeiro
As cores do horizonte
Que o devir não eclode
Dum repuxo cristalino,
Nem brinc’ao escond’esconde
Como se fora menino…
É espiga de mármore
A verter líquido puro,
Regando cada árvore
Qu’edifica o futuro!
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade