NA COMPANHIA DO MAR
À beira da areia, entre o oceano e o som
O vidro de matosinhos emoldura azuis
Atenta e discretamente azuis escutam o to
Os olhos, a blusa de gola alta, o sorriso inteiro
Livre, amplo, arrebitado de aberto.com
O kispo branco, as mãos pequenas sereias
Da noite a fazer-se pura em ondulados de mulher
E a ditar-nos que o futuro é o que for preciso
Para ter um mundo assim: do tamanho dum sorriso
Que se quer – assim, perdido em mim de crer
Em nenhum outro nem qualquer!
Foram-se as francesinhas há pouco
Esbatidas no caldo verde louco
Com água dos mortos e tosta,
Mas eis que o sinal do rosto
É padrão a marcar o gosto
De descobrir ternura a dar à costa...
Praia Passeio do Atlântico
07.11.04 – 01:12 horas
AO ESCOAR DA NUVEM
Em Serrralves é fácil deixar escorrer o verde
Expandir-se em amarelos torrados
Pelas bruscas inversões na paleta da espera
Pão de trigo das mulheres de pastel perdidas
No Rego das alinhadas possessões trágicas
Queijo de nevoeiros nos jardins interrogadores.
Tu dizias a nave entre o verde e o azul
Caído num outono magoado por estações confundidas.
Eu era apenas o imaginado de serviço
No pousar da folha sobre o terraço
A corroer o ritmo aos minutos da brisa soalheira,
A apontar o dedo ao esquecimento da partida
Colorindo desmaiadas vozes na clepsidra
Dum toque que decepava realidades...
Mesas de taberna com cadeiras de lona
À realizador sentadas sobre a arquitectura da tarde.
Foi um filme... Somente uma história de dor
A rodar para os gerêses de jamais!
AO AZUL DO AZUL DO OLHA(MA)R
(Paisagem com rosto, ou alucinação sobre a água
fervente num pôr do sol de Foz domingueira...)
Olha as gaivotas ali linhas de voo
O seu corte pontiagudo no diamantino céu
E cristal também plácido espelho
Das águas chispando (a)deuses.
Podes pedir-lhe a calma da tarde
Que não te recusarão o destino,
Porquanto é o corpo quem parte
Mas ficando nelas o olhar menino
Deste silêncio, líquido definido
Mascando ênfase no sonho corrompido
Pelo coração em sobressalto desatino
Com a vida e seus traidores reveses,
Que nos concede sempre o que às vezes
Apenas acidente supomos no puro linho...
Não apetece ainda o escurecer.
Há caminhamantes na marginal!
Mas o soslaio do sol fisga a Pousada
E põe na grama verde a linha escalada
De romper as frestas aos molhes tristes
Nos olhos que aos olhos do Douro vistes!
Pousada da Juventude, Porto
07.11.04 – 16:30 horas
ENIGMA DA GIOCONDA
Não tens nada para me dar
Que preste; nem felicidade sequer...
És a morte, o desejo a apagar
A peste, num sorriso de mulher!
MATEMÁTICAS DE MENTIRA E MISTÉRIO
Pela penumbra das pálpebras
Descaídas em desvãos de sono,
A bela cigana das ilhas, sem dono
Escorre na languidez das puras álgebras.
São restos de um grotesco diploma
O de percorrer a noite de bar em bar,
À procura do Zé-Ninguém ideal...
A pronúncia descai-lhe da boca insonsa
Num pútrido oco impróprio e venal
Com que se adorna o gesto no (f)acto de falar.
Porém, atentas as demais escutam
Postas nos recatos silenciosos dos vagares
Simples, inúteis, com a futilidade dos ares
De quem se esmera nas insignificâncias que calam!
Convite para partilhar caminhos de leitura e uma abertura para os mundos virtuais e virtuososos da escrita sem rede nem receios de censura. Ah, e não esquecer que os e-mails de serviço são osverdes.ptg@gmail.com ou castanhoster@gmail.com FORÇA!!! Digam de vossa justiça!
1.04.2005
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