2.05.2009




Aos judas da ocultocracia...

Independentemente de quem o diz, porque o diz e até como o faz, essas lérias de bater com o pézinho no chão a fazer beicinho, garantindo em vernáculo de falso ingénuo do vai-lá-ver-se-estou-na-esquina, e afiançando que em Portugal não há poderes ocultos, é apenas uma forma mal-intencionada de atirar areia para os olhos do populacho, porquanto toda a gente sabe que este país sempre foi, é e há-de continuar a ser uma das mais reais ocultocracias desde a ocupação peninsular pelos hititas-celtas, qual DNA da fusão então feita que obrigou à denominação dos lusitanos por povo celtibero, andaríamos nós ainda nos séculos VIII ou VII antes de Cristo, vai para coisa de mais ou menos três mil anos, como aliás muito bem sabe quem sabe que Mora e Pavia não se fizeram num dia, ditado mais antigo que a Serra d'Ossa, que é a serra (e mina de extracção diversa) mais antiga que por cá há, senão do mundo inteiro, posto que Mora outra coisa não seja além de mais um anagrama de Amor, e este tão-só o anagrama de Roma, indo nós já em três épocas ou ordens distintas e ainda não dissemos senão uma palavrinha, bem pequenina por sinal, de quatro letrinhas apenas a contar da estrela que é a primeira a iluminar-nos: o Astro Rei e que no princípio foi a rainha Arina – o Sol.
Alquimia dos tempos feita a esmagar segredos no almofariz da discórdia, caldo apurado para contrabalançar a falta de sensatez, pouca seriedade e muita desconfiança em que fervem as vontades políticas no alambique económico, destilando favorecimentos e desmerecimentos conforme os interesses obscuros de grupos financeiros, religiosos, militares, regionais e de controlo da "coisa pública", esclarecidamente rés ao intrincado universo do nome na família das almas, formatadas pelo efectivo sim que é a negação da negação, império já reconhecido no inicial evangélico por Pedro, que antes do galo cantar três vezes negou Jesus, esse ocultismo primário que de força oculta apenas (de)tem o poder da clandestinidade, espelhando o boato, disseminando a conjectura como certeza, adubando a quezília por direito de contraditório, não somente tem gerido a informação segundo o máximo lucro, ideal reduto de tipógrafos com código próprio na linguagem das entrelinhas, como a tem posto ao serviço da vontade de poder dos seus mentores, não raramente coincidentes com os corpos administrativos dos órgãos de comunicação onde exercem o seu mister.
E foram precisamente eles os primeiros a negar, quiçá três vezes antes de o galo cantar, que não havia, nem há, poderes ocultos em Portugal, "como sabe quem tem acesso aos serviços de informação", para que assim melhor se possam manter na rigorosa superintendência desses poderes. Como foram os primeiros a tentar, na Assembleia da República, e a fazer pressão para canalizar a praxis política para a esfera das filosofias existencialistas, pondo o respectivo ênfase nas questões de dois bicos, ou seja, na destrinça do que é a verdade ou a mentira, assente nas diferenças da maneira de dizer. Negando-os assim, para melhor os defender, pretendem desejar justiça apenas para inglês ver, mas sobretudo porque se ela fosse transparente e imune a coreografias seriam os primeiros a serem apanhados pelas suas teias, conforme imaginam ser preceito do Evangelho de S. Judas, que devem andar perdido – quer dizer, escondido – nos arquivos de qualquer repartição de Estado, ou delegação local e recôndita dela, lá por esses confins da soberania nacional onde ninguém tem autorização para saber o que isso é, nem quais são os seus órgãos (Governo, Presidente da República, Assembleia da República e Tribunais), pois assim mais eficazmente se reflectem ilusão deles, representando-os perante a ignorância popular, demonstrando o seu poder de magia, infiltrando-se neles e fazendo-os executar as ameaças que apenas eles proferem, reconhecidamente valorizadas por quem já foi ensinado para ouvi-las e conhece o código em que foram cifradas. Enfim, guerreiros que apenas conhecem o descanso na guerra, que quando a não têm com as forças externas se viram para as de dentro, dizendo que em Portugal todos somos iguais mas há (ainda) uns mais iguais que outros, tal como noutros tempos era em qualquer quinta inglesa, independentemente de ser ou não fruto da imaginação efervescida por Orwells em Stalines brandos.
Mas, pensando bem, se calhar têm razão: em Portugal não há poderes ocultos, há é interesses e vontades obscuras que se fazem passar por poder, e se transformam em questões de Estado apenas por três palavrinhas ditas na altura própria e retórica, ou expressão, exacta. Aliás, desta vez é que apetece mesmo perguntar para onde é que vão os 50% de todas as verbas destinadas (e orçadas) para os projectos de cariz ambiental: desaparecem por magia ou devido a alguma engenharia especial do ramo? Quem diria!!...

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

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