
Edgar Wallace
Trad. Catarina Rocha Lima
192 Páginas
Quando cai o pano tiram-se as máscaras. E desvenda-se o mistério do nome. As iniciais pontuadas do detective/inspector J. G. Reeder dão lugar aos nomes próprios que costumam anteceder os apelidos: John Gray, querem elas dizer. Assim, fica-se a saber que o personagem sinistro desta história, como de outras de Wallace, Seu Edgar para os premiados íntimos, aquele homem alto, cadavérico, noctívago, entre os cinquenta e os sessenta anos, cabelo ruivo, rosto seco, expressão tristonha, orelhas proeminentes, a sobressair da cabeça em ângulo recto, enormes óculos redondos encavalitados no nariz, mesmo-mesmo na pontinha dele, sempre a segurar o guarda-chuva com uma mão e o chapéu na outra, não passa de uma manobra de diversão para distrair o leitor, e mais não é que o subalterno Golden, ao serviço do superinformado e imaginativo Reeder. Em “epílogo”, que é para tanto que servem os últimos capítulos, esses animaizinhos literários em vias de extinção, desde que funcionem como um anticlímax de “fracamente pouca” intensidade esclarecedora da acção, e não como uma distorção destrutiva de qualquer narrativa incauta.

Neste palimpsesto edgariano, onde Wallace se copia dos melhores momentos, Reeder anda disfarçado de marginal ingénuo bem-comportado, para encurralar definitivamente um dos mais bem sucedidos falsificadores de dinheiro. Para que a armadilha funcione empresta-lhe uma pitada de amor sedrôdio e quixotesco, transformando a investigação numa defesa de recurso, em salvaguarda da dignidade e integridade da amada, ou contra-ataque a fim de proteger a sua Dulcineia dos embustes e artimanhas
