O AGORA TEM POUCA DURA
Esse agora tem muito pouca dura
Não é de confiar nem longas esperas
Mesmo sendo previsto ou abençoado;
Sua pureza ‘tá na grande mistura
Impura qu’o futuro tem do passado.
O presente, esse muro de lamentações
Com que a gente asperge o passado
E salpica expetativas no futuro,
Tem por óbice alisar os verões
Emparedar quaisquer primaveras
E fala sempre muito e por dobrado
Das quimeras (as tais aves que são feras)
Acaso se não sinta pleno e seguro.
O presente é um cruel condenado
Que esquece quem foi mal vê o futuro;
Faz dele caminho em qualquer lado…
– Com manhã clara apaga ontem escuro!
Joaquim Maria Castanho